Após sete sessões em queda, o dólar comercial fechou em alta de 0,25%, cotado a R$ 3,1380 para compra e a R$ 3,1400 para venda, com máxima a R$ 3,1552 e mínima a R$ 3,1219, com o reforço na intervenção do Banco Central, ofuscando o apetite por ativos de risco no exterior.
Operadores entenderam que o BC viu uma oportunidade de acelerar a redução da sua posição de swaps tradicionais, sem mirar cotações específicas. Mas acreditam que a moeda tende a desacelerar a queda agora, oscilando acima dos R$ 3,10 no curto prazo.
“O dólar vinha em um ritmo que poderia buscar os R$ 3,00 em breve. Esse ajuste nos swaps deve, no mínimo, adiar esse objetivo”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
O BC vendeu nesta manhã a oferta total de 15.000 contratos de swap reverso com vencimentos em 1º de setembro, 3 de outubro e 1º de novembro deste ano e 2 de janeiro de 2017.
A autoridade monetária já vinha atuando praticamente todos os dias no mercado, mas com leilões de 10.000 contratos de swap reverso distribuídos em dois ou três vencimentos.
Com isso, mantém sua política de aproveitar a tendência de queda do dólar para reduzir a sua posição de swaps tradicionais, hoje de pouco menos de US$ 50 bilhões. Essa posição se manteve acima de US$ 100 bilhões durante quase todo o ano passado.
Operadores avaliam que o BC não quer impor um piso à divisa, ao contrário da visão que predominou em meio à intensa atuação cambial nos últimos anos. Cotações baixas costumam prejudicar a atividade econômica, especialmente as exportações, enquanto cotações elevadas tendem a contribuir para um aumento da inflação.
“Em todas as suas declarações, Ilan tem destacado que vai deixar a moeda flutuar e que só vai fazer alguns ajustes”, disse o operador de um banco nacional que negocia diretamente com o BC, referindo-se ao presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn.
O movimento vem em um momento de queda global do dólar, que continuava nesta sessão em meio a uma nova alta dos preços do petróleo.
O apetite por ativos de risco também vem ganhando força diante de expectativas de que a recuperação gradual da economia global deve acontecer em meio a juros persistentemente baixos nos Estados Unidos, aumentando a atratividade de ativos que oferecem rendimentos elevados.
“Essa é a situação perfeita para os emergentes. O mercado está convencido de que o Fed provavelmente não vai subir os juros este ano, mas a economia está cada vez mais forte”, resumiu o economista da corretora Lerosa Investimentos Carlos Vieira.
Esse cenário, aliado ao otimismo do mercado quanto às promessas de restrição fiscal do governo do presidente interino Michel Temer, vem levando analistas a reduzir suas estimativas para o dólar, embora a maioria ainda espere alguma apreciação em relação ao atual patamar.
No mercado internacional, por volta das 17h15 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,29%, cotado aos 95,87 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,34%, cotado a US$ 1,1141.
Juros futuros fecham próximo da estabilidade em sessão de baixo volume
Em um dia de baixo volume de negócios, os contratos futuros de taxas de juros terminaram a sessão perto do nível do fechamento de ontem. Segundo operadores, os movimentos nesse segmento de negócios são muito reduzidos porque faltam “drivers” para o mercado. Embora ainda predomine uma expectativa positiva com o cenário local e com o ingresso de recursos externos, agentes optaram por aguardar fatos mais concretos para ampliar posições vendidas.
A decisão da Câmara de aprovar o texto base da renegociação dos Estados sem a contrapartida que proibia reajustes reais do funcionalismo não foi bem vista pelos analistas. E, ainda que o cenário mais provável entre os especialistas seja de que o ajuste fiscal avance após a confirmação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, esse é um fator que limita a continuidade da melhora do mercado.
“Estou preocupado e apreensivo com a evolução da reforma fiscal e acredito que todos deveriam estar”, disse o professor da PUC-Rio, Marcio Garcia. “O Brasil não consegue segurar o crescimento dos gastos há décadas e os sinais até aqui não apontam para uma mudança dessa dinâmica.”
Para Garcia, a saída virtuosa para a onda de apreciação cambial vivida pelo Brasil é que o ajuste fiscal caminhe num ritmo suficientemente ágil para abrir espaço para que o Banco Central comece a cortar os juros e, assim, limite o potencial de alta do real. “Hoje, o Banco Central consegue acelerar o resgate de swaps cambiais. Mas, se mantiver o ritmo, vai zerar a posição em novembro. E aí, o que ele fará?”, perguntou. “Se o fiscal tiver avançado, o BC terá espaço para cortar os juros, o que amenizaria essa questão.”
No encerramento do pregão, o DI janeiro/2021 era negociado a 11,90% de 11,85% no ajuste de ontem. DI janeiro/2019 tinha taxa de 12,10% de 12,11% ontem. Já DI janeiro/2018 oscilou de 12,65% para 12,64%. O DI mais negociado foi o vencimento janeiro/2018, com 120.800 contratos.