O dólar fechou em baixa, nesta segunda-feira, em sintonia com o recuo da moeda norte-americana em relação as demais divisas de países exportadores de commodities e com as cotações perdendo suporte técnico importante no Brasil, fechando na menor cotação em 15 meses.
Dólar à vista
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,7330 para a venda, em baixa de 0,99%. Esta é a menor cotação de fechamento para a moeda dos EUA desde 20 de abril de 2022.
Na B3, às 17h20 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em baixa de 1,00%, cotado a R$ 4,7395.
No início da sessão, o dólar chegou a oscilar no território positivo no Brasil, mas rapidamente migrou para o negativo, acompanhando o movimento no mercado externo. O dia no exterior foi de algum otimismo, com os índices de ações sustentando leves ganhos nos EUA e o dólar em queda em relação as divisas mais fracas.
Internamente, o movimento foi amplificado pelo aumento das ordens de venda quando o dólar atingiu certos patamares técnicos, segundo profissionais ouvidos pela Reuters.
“O dólar ficou oscilando entre R$ 4,75 e R$ 4,80 por cerca de 30 dias, mas este nível está ficando para trás, porque a tendência é de baixa”, disse José Faria Júnior, Diretor da consultoria Wagner Investimentos. “Ele está voltando para a mínima do ano passado, que é próxima de R$ 4,65. Precisamos ver se conseguirá superar este novo patamar”, disse.
Um operador afirmou à Reuters que houve impulso adicional de queda, com ordens stop (parada de perdas) sendo disparadas, quando o vencimento agosto do dólar futuro, se aproximou dos R$ 4,74 nesta segunda-feira.
“O dólar ficou muito tempo ensaiando o rompimento dos R$ 4,80”, indicou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.
Segundo ele, a divisa à vista finalmente rompeu este patamar em sintonia com o exterior, onde há uma leitura “cada vez mais consolidada que estamos caminhamos para o fim do ciclo de aperto monetário nos EUA e na Europa”.
Na mínima do dia, registrada às 12h25, o dólar à vista foi cotado a R$ 4,7240 (- 1,17%). Depois disso, a divisa se recuperou um pouco, mas ainda fechou com queda firme.
Como pano de fundo para o movimento desta segunda-feira, a crise relacionada ao transporte de grãos no Mar Morto, que envolve Ucrânia e Rússia, está longe de terminar. Este fator, somado à seca nos EUA que afeta commodities como milho e soja, produtos de exportação do Brasil, tem dado suporte aos preços das commodities agrícolas, o que favorece divisas como o real, em detrimento do dólar.
Nesta segunda-feira, a Rússia destruiu armazéns de grãos ucranianos no rio Danúbio, em um ataque de drones.
Além disso, investidores no Brasil aguardam pela divulgação na terça-feira do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de julho e pela decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira.
No fim da tarde, o dólar se mantinha em queda em relação a boa parte das divisas de exportadores de commodities, mas o Dólar Índice estava em alta, após o euro ser penalizado por números industriais ruins.
Às 17h20 (Horário de Brasília), o Dólar Índice estava em alta de 0,30%, cotado aos 101.390 pontos.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para a rolagem do vencimento de setembro.