O dólar comercial fechou em leve baixa de 0,04%, cotado a R$ 3,1666 para compra e a R$ 3,1677 para venda, com máxima a R$ 3,1907 e mínima a R$ 3,1588, com o bom humor nos mercados externos ofuscando preocupações sobre o cenário político brasileiro e o governo do presidente interino Michel Temer.
Com isso, a moeda norte-americana permanece nas mínimas de fechamento desde julho do ano passado.
“As moedas emergentes estão fortalecendo hoje, mas o real foi deixado um pouco de lado devido ao noticiário político”, disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
O dólar recuou mais de 1% em relação a moedas como os pesos mexicano e colombiano nesta sessão. O movimento foi amparado na alta dos preços do petróleo, em meio a renovadas especulações sobre a possibilidade de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) adotar medidas para controlar a produção da commodity.
Além disso, os mercados externos continuavam demonstrando otimismo em relação a recuperação econômica global após os dados fortes sobre o mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta-feira.
No Brasil, porém, o mercado manteve um pé atrás em meio ao noticiário político conturbado. No fim de semana, a revista Veja publicou que o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa teriam citado em delação premiada que Temer teria pedido contribuição financeira para a campanha eleitoral em 2014.
A delação envolveria ainda outros políticos, como o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), segundo a Folha de S.Paulo.
Por outro lado, o mercado recebeu bem a decisão do governo brasileiro de separar o debate sobre a renegociação da dívida dos Estados com a União e as mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal. Parte do mercado acredita que isso pode facilitar a aprovação do limite dos gastos estaduais no Congresso.
“O mercado está à procura de qualquer novidade sobre o ajuste fiscal, mas sabe que vai ser difícil tomar medidas contundentes até a votação do impeachment”, disse o operador da corretora de um banco nacional.
O julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso está marcado para o fim deste mês. Analistas da consultoria de risco político Eurasia Group atribuem chance de 90% para a confirmação do impedimento.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu em leilão mais 10.000 contratos de swap reverso.
No mercado internacional, por volta das 17h15 (Horário de Brasília), o Dollar Index fechou em alta de 0,15%, cotado aos 96,33 pontos, enquanto o euro estava em leve baixa de 0,04%, cotado a US$ 1,1082.
Após queda de sexta-feira, mercado de juros futuros tem dia de correção
O dia foi de correção no mercado futuro de taxas de juros, que fechou em alta, após a forte queda de sexta-feira. A correção tem como argumento o noticiário local do fim de semana, considerado negativo. Mas o nível das taxas, ainda próximo do observado na semana passada e o baixo volume de negócios sugerem que não houve uma mudança de tendência, mas sim um ajuste.
Segundo o mercado, o saldo de notícias do fim de semana não foi suficientemente positivo para justificar uma melhora adicional nos preços. A delação do empresário Marcelo Odebrecht e a afirmação de Eliseu Padilha no Twitter de que os militares ficarão fora da reforma da Previdência são elementos que geram desconforto e servem de argumento para uma correção.
Hoje, em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou que não houve enfraquecimento das contrapartidas exigidas dos Estados na renegociação das dívidas e que o crescimento das despesas estaduais ocorrerá em linha com a inflação. Disse ainda, que a reforma da Previdência seguirá curso paralelo e que o projeto será apresentado proximamente.
Logo no início da sessão, os juros mostravam ainda viés de baixa, seguindo o exterior e também reagindo à pesquisa Focus. Houve uma nova queda da estimativa para o IPCA no ano que vem de 5,20% para 5,14%. Entre os Top 5, a estimativa segue em 4,97% para 2016.
No encerramento do pregão regular, o DI janeiro/2021 era negociado a 11,96%, depois de tocar a mínima de 11,86% mais cedo. No ajuste de sexta-feira, a taxa havia ficado em 11,85%. O DI janeiro/2019 tinha taxa de 12,19%, de 12,12% na sexta-feira e o DI janeiro/2018 era negociado a 12,74%, de 12,71%. O contrato com maior volume foi o janeiro/2021, que negociou 92.000 contratos.
Fonte: Reuters