O dólar comercial fechou em alta de 2,01%, cotado a R$ 4,0368 para compra e a R$ 4,0372 para venda, com máxima a R$ 4,0382 e mínima a R$ 3,9613, se distanciando do mercado, após nova pesquisa de intenção de voto mostrar que o candidato à Presidência preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), seguia sem ganhar tração na disputa.
Esta foi a maior cotação desde 18 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0490). Foi a quinta alta consecutiva do dólar, período no qual avançou 4,40%.
“O mercado não considerava até poucos dias atrás um cenário sem Alckmin no segundo turno, mas já começou a precificá-lo. Assim, o dólar tem mesmo que ir para outro patamar”, disse o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
Pesquisa do Ibope divulgada na noite passada revelou que, no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) liderava a corrida pelo Palácio do Planalto com 20% das intenções de voto.
Em seguida, vem Marina Silva (Rede), com 12%, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9%, Alckmin com 7%, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), com 4% e o senador Álvaro Dias (Podemos), com 3%.
Alckmin é visto pelo mercado como um político comprometido com reformas que considera importantes para o ajuste fiscal do país.
O Ibope mostrou ainda que, num cenário com a presença de Lula na disputa, ele liderava a pesquisa com 37% das intenções de voto. O temor dos investidores é que o ex-presidente, que está preso desde abril, consiga transferir boa parte dos votos para Haddad, que deve substituí-lo na disputa se sua candidatura vir a ser barrada pela lei da Ficha Limpa.
“O novo patamar do dólar nesse novo cenário é entre R$ 4,20 e R$ 4,50”, disse Silveira, acrescentando que o dólar demorou muito para precificar uma mudança de cenário.
Mas há avaliações no mercado que o início da campanha eleitoral na TV e no rádio, marcada para o próximo dia 31, pode mudar o cenário já que Alckmin terá o maior tempo de exposição.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu 4.800 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 3.6 bilhões do lote de US$ 5.255 bilhões que vence em setembro.
Com o nível elevado do dólar, há quem veja necessidade de intervenção do BC, que repetidas vezes avisou que provém liquidez quando o mercado está disfuncional.
“Não há pressão de demanda nem por proteção cambial e nem por demanda no mercado à vista, sendo que a alta do preço decorre do emocional e psicológico, fatores imponderáveis, não alcançáveis por intervenção do BC, que se ocorrer será inócua”, disse o economista e diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, ao comentar sobre a possibilidade de o Banco Central atuar por meio de leilões extraordinários de swap.
No exterior, o dólar recuou contra as divisas de países emergentes após o presidente Donald Trump, em entrevista à Reuters na véspera, haver criticado a política monetária do Federal Reserve.
No mercado internacional, por volta das 17h50 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,60%, cotado aos 95,11 pontos, enquanto o euro estava em forte alta de 0,79%, cotado a US$ 1,1573.
Juros futuros sobem com incertezas eleitorais e dólar para R$ 4,03
O risco de um segundo turno das eleições presidenciais com os dois candidatos mais extremos, intensificado pela divulgação da pesquisa Ibope da segunda-feira (20/8), levou o mercado futuro de taxas de juros a registar um forte ajuste nas cotações dos contratos nesta terça (21/8). As preocupações do mercado diante de uma possível disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) cresceram consideravelmente.
Para se ter ideia do movimento, os DIs mais longos, com vencimento entre 2025 e 2027, tiveram alta de quase 0,50%, mostrando nervosismo do mercado com o candidato que deve ser eleito e, futuramente, em como os problemas fiscais serão solucionados. O dólar bateu R$ 4,03 e puxou também, os contratos mais curtos com as dúvidas sobre a reação do Banco Central na estratégia de política monetária.
“Aumentou a probabilidade de um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, com [Geraldo] Alckmin apresentando dificuldade em seu próprio reduto eleitoral. O mercado pede mais prêmio com um cenário em que há risco relevante, ainda que de difícil mensuração, de termos um presidente de esquerda”, disse Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Gestão.
Segundo um operador, a tensão se intensificou na parte da tarde com a proximidade da divulgação da pesquisa do Datafolha, que sai nesta quarta-feira (22/8), e a possibilidade desse quadro mais negativo se concretizar.
“O dólar a R$ 4,00 gera muito stop loss e traz a curva de juros junto. Enquanto o Banco Central ou o Tesouro Nacional não voltarem a intervir, o prêmio de risco dos contratos será elevado”, disse esse interlocutor.
A pesquisa Ibope divulgada ontem mostrou o PT forte, com crescimento das intenções de voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele tem 37% das intenções de voto e venceria em todos os cenários de segundo turno. O desafio do partido agora será transferir esses votos para o vice Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, Geraldo Alckmin (PSDB) parece não avançar. No cenário sem o ex-presidente, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) lidera com 20%, seguido por Marina Silva (Rede) com 12%, Ciro Gomes (PDT) com 9%, Alckmin com 7% e Fernando Haddad com 4%.
Com o dólar no patamar de R$ 4,00 começam a surgir os questionamento sobre quais os efeitos de uma moeda americana mais alta sobre as expectativas de inflação e qual deve ser a estratégia de política monetária do Banco Central. Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset Management, afirma que as expectativas ainda estão ancoradas e que o hiato do produto está muito aberto e, por isso, o BC não deve mudar nada até a definição do próximo presidente.
“Existe um evento binário que vai definir se o patamar do dólar será R$ 3,50 ou R$ 4,50, por isso a reação do BC deve vir apenas após as eleições. Se o resultado for positivo, não vai ser preciso subir e o custo de esperar é muito baixo“, disse Weeks. “Hoje o mercado está no meio do caminho, não precifica nem a vitória de um candidato, e nem de outro”.
Vale notar que, apesar do movimento de alta, os contratos ainda estão longe das máximas atingidas em junho. Na ocasião, o DI janeiro/2020 chegou a bater 9,46%, o DI janeiro/2021 foi a 10,44%, e, o DI janeiro/2025, a 12,40%.
Ao fim da sessão regular desta terça, às 16h, o DI janeiro/2020 terminou com taxa de 8,51% (8,27% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado a 9,67% (9,37% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 fechou a 12,18% (11,74% no ajuste anterior).