O dólar à vista registrou nesta sexta-feira, 23, a segunda sessão consecutiva de leve alta no mercado doméstico de câmbio, mas encerrou a semana abaixo de R$ 4,80, em desvalorização de 0,87%. Como ontem, o dia foi marcado por aversão ao risco e fortalecimento da moeda americana no exterior, após dados fracos de atividade na Europa e nos Estados Unidos, que ainda estão em meio a ciclos de aperto monetário, aumentaram os temores de recessão global. O real registrou perdas bem mais modestas do que seus principais pares, à exceção do peso mexicano.
Tirando uma queda pontual entre o fim da manhã e o início da tarde, quando registrou a mínima do dia a R$ 4,7660, com relatos de fluxo comercial, o dólar operou em alta no restante da sessão. Após registrar a máxima do dia a R$ 4,8070 pela manhã, a moeda fechou cotada a R$ 4,7780 para venda, em leve alta de 0,12%. Termômetro do apetite por negócios, o vencimento julho do contrato futuro do dólar registrou um volume ao redor de US$ 12 bilhões.
Desvalorização
Com a queda de 0,87% na semana, o dólar acumula uma desvalorização de 5,82% em junho e opera nas menores cotações desde maio do ano passado. No mês, o real registra o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas e as principais divisas de exportadores de commodities. No ano, porém, a moeda brasileira ainda registra ganhos inferiores aos do peso mexicano e do peso colombiano.
Recuperação do Real
Analistas ressaltam que o real estava bem depreciado em relação a seus pares e conseguiu se recuperar em meio a uma melhora das expectativas para a economia brasileira, com crescimento acima do esperado e queda da inflação. Além disso, mesmo com a provável queda da Selic no 2º semestre, os juros reais seguiram muito atraentes no curto prazo para as operações de ‘carry trade’. Também contam a favor a sazonalidade favorável da Balança Comercial com a safra recorde de grãos e a diminuição da percepção de risco na esteira do avanço do arcabouço fiscal no Congresso.
Para o chefe de Investimentos da Nomad, Caio Fasanella, a postura cautelosa do COPOM no comunicado da última quarta-feira, 21, quando manteve a taxa de juros a 13,75% e não deu um sinal explícito de corte de juros em agosto, contribui para o desempenho dos ativos domésticos ao mostrar compromisso com a estabilidade de preços.
Brasil em crescente
Enquanto as economias desenvolvidas desaceleram e ainda não terminaram o processo de aperto monetário, o Brasil registra um crescimento acima do esperado e, com a inflação mais comportada, se encaminha para início de ciclo de corte. “Estamos um passo à frente da Europa e dos Estados Unidos. Há claramente uma tendência de valorização do real por essa conjunção de fatores”, disse Fasanella.
A equipe de análise macroeconômica do Safra indica que o real tem se beneficiado da “redução da incerteza fiscal e da recuperação do consumo das famílias nos próximos trimestres”, o que vai favorecer “ingresso de investimentos diretos no País, contrabalançado uma eventual queda de fluxo em carteiras” com o ciclo de cortes da Selic. “A apreciação do câmbio favorecida pelo grande saldo comercial e a melhora do ambiente prospectivo para a economia brasileira nos levou a mudar a estimativa da taxa de câmbio ao final de 2023 para R$ 4,90”.
Exterior
No exterior, o Dólar Índice operou em alta firme ao longo do dia e superou os 103.000 pontos. Na outra ponta da gangorra, as commodities metálicas e o petróleo recuaram, mas com perdas inferiores as de ontem. O vencimento setembro do petróleo Brent fechou em baixa de 0,46%, cotado a US$ 74,01 o barril, acumulando uma desvalorização de quase 3% na semana.
Fonte: Broadcast Agro