Dólar fecha em forte alta após o corte da Selic

A redução de 0,50% da Selic, além da sinalização de que o COPOM tende a promover mais reduções de 0,50% nos juros, fez o dólar registrar forte alta nesta quinta-feira, com investidores avaliando que o Brasil se tornará menos atraente ao capital internacional.

O dólar fechou o dia cotado a R$ 4,8990 para a venda, em alta de 1,94%.

Na B3, às 17h12 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em alta de 1,80%, cotado a R$ 4,9245.

A moeda norte-americana à vista subiu durante todo o dia, numa reação forte à decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM), que na noite de quarta-feira anunciou corte de 0,50% da Selic, para 13,25% ao ano.

Além disso, o colegiado sinalizou a intenção de promover novos cortes de 0,50% em suas próximas reuniões. A decisão foi dividida, em 5 votos a 4.

A redução de 0,50% contrariou boa parte do mercado, que precificava de forma majoritária corte de apenas 0,25%. Com isso, houve forte ajuste na curva de juros futuros nesta quinta-feira.

“A decisão do COPOM significa menor fluxo de capital para o Brasil, porque lá fora os juros estão subindo ainda, para níveis restritivos, e não há previsão de um início de corte. Então temos pressão forte sobre o real”, disse o especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos, Wagner Varejão.

A leitura do mercado nesta quinta-feira foi de que, com juros menores no Brasil e maiores nos Estados Unidos, considerando as decisões de política monetária mais recentes nestes países, o diferencial de juros brasileiro está diminuindo, o que torna o País menos atraente ao capital internacional.

Varejão e um operador ouvido pela Reuters disseram, no entanto, que a alta do dólar nesta quinta-feira teria sido “forte demais”, o que abre espaço para movimento de correções nas próximas sessões.

Economistas e operadores têm ponderado que apesar da decisão do COPOM tornar o Brasil menos atraente ao capital externo, o diferencial de juros segue vantajoso na comparação com outros países emergentes.

Além do COPOM, o mercado de câmbio foi influenciado nesta quinta-feira pelo exterior, onde o dólar também se mantinha em alta em relação a outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities, como o peso mexicano, o peso colombiano e o peso chileno. O Chile, aliás, também já havia surpreendido os investidores ao promover, na sexta-feira passada, corte de juros superior ao estimado pelo mercado.

Em relação às moedas fortes, no entanto, o dólar oscilava perto da estabilidade no fim da tarde.

Às 17h12 (de Brasília), o Dólar Índice estava em baixa de 0,10%, cotado aos 102.490 pontos.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para a rolagem do vencimento de setembro.

Fonte: Reuters
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