Dólar fecha em baixa, com sinal de juro parado nos EUA

Na semana, o dólar registrou uma queda de 2,33% – Imagem de Horst Schwalm por Pixabay

O dólar fechou em baixa de 1,54% nesta sexta-feira, cotado a R$ 4,8960 para a venda, acompanhando o movimento de alta dos ativos de risco, desencadeado pelos números que mostraram um esfriamento do mercado de trabalho americano e consolidaram as expectativas no fim do ciclo de aperto monetário nos EUA. Esse sinal se sobrepôs às preocupações com o cenário fiscal doméstico e levou a moeda americana à menor cotação de fechamento desde 20 de setembro. Na semana, o dólar registrou uma queda de 2,33%.

A moeda americana perdeu força globalmente, tanto em relação aos seus pares desenvolvidos, com o Dólar Índice operando em torno dos 105.000 pontos, em queda próxima de 1%, quanto em relação as emergentes como o peso chileno (- 1,44%) e o mexicano (- 0,34%). O Dólar Índice na mínima do dia de 104.941 pontos registrou a menor cotação desde 20 de setembro.

Aqui, o dólar se manteve em queda durante toda a sessão, entre a máxima de R$ 4,9340 (-0,79%) e a mínima de R$ 4,8770 (-1,93%), também a menor cotação desde 20 de setembro.

O payroll americano deu a senha para o movimento de alta dos ativos de risco nesta sexta-feira, após o mercado doméstico ter ficado fechado ontem devido ao feriado de Finados. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, foram criados 150.000 empregos em outubro, bem abaixo dos 183.000 estimados por analistas. O aumento da taxa de desemprego para 3,90% no mês também foi maior do que indicava o consenso de 3,80%.

Esses números consolidaram a avaliação de que o Federal Reserve já deve ter encerrado o ciclo de aperto monetário, após decidir manter os juros do país na faixa de 5,25% a 5,50% pela segunda vez consecutiva na quarta-feira, 1º. A chance de um aumento de 0,25% em dezembro embutida na curva das Treasuries caiu de quase 20% ontem para menos de 5% hoje, segundo o CME Group.

“O dia foi totalmente em função desse payroll”, disse o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “A taxa das Treasuries caiu muito, a aversão ao risco caiu e o mercado todo acaba melhorando, e o real ficou em linha com outras moedas.”

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, destacou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (COPOM) de novembro também ajudou a dar suporte aos ganhos do real hoje. Como mostrou o Broadcast, analistas consideraram que o risco fiscal e a preocupação do colegiado com o ambiente externo sugerem o risco de uma Selic terminal mais alta, o que levaria a uma redução menor do diferencial de juros entre Brasil e EUA.

“Um dos pontos que levou o real a se desvalorizar mais do que outras moedas é que a política monetária brasileira, diferente da de outros emergentes, está na direção oposta da do Fed. A tendência era de diminuir o diferencial entre as curvas, mas, agora, o sinal de estagnação dos juros americanos e a tendência de cortes menores no Brasil podem ajudar a atrair capital e a tirar pressão do dólar”, disse Velloni.

O Brasil registrou um fluxo cambial total positivo de US$ 1.930 bilhão em outubro até o dia 27, em movimento liderado pela Conta Comercial, informou nesta sexta-feira o Banco Central.

Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.

Pela Conta Financeira, houve saída líquida de US$ 1.071 bilhão em outubro até o dia 27. Por esta Conta são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.

Pela Conta Comercial, o saldo de outubro até o dia 27 foi positivo em US$ 3.001 bilhões.

Na semana passada, de 23 a 27 de outubro, o fluxo cambial total foi negativo de US$ 1.445 bilhão.

No acumulado do ano até 27 de outubro, o Brasil registra um fluxo cambial total positivo de US$ 22.590 bilhões, com saídas de US$ 23.259 bilhões da Conta Financeira e entradas de US$ 45.849 bilhões da Conta Comercial.

No mesmo período do ano passado, o fluxo acumulado era positivo de US$ 9.558 bilhões.

A divulgação dos dados do fluxo cambial, que normalmente ocorre às quartas-feiras, foi adiada para esta sexta-feira em função do movimento dos servidores do BC por melhores salários.

Fonte: Broadcast
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