Após três dias de alta, o dólar fechou a sexta-feira em baixa, com as cotações sendo conduzidas pelo exterior, onde dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos elevaram as expectativas de que o Federal Reserve pode não aumentar mais os juros em 2023.
O dólar fechou o dia cotado a R$ 4,8750 para a venda, em baixa de 0,48%. Apesar do movimento desta sexta-feira, a moeda norte-americana fechou a semana registrando uma valorização de 3,05%.
Na B3, às 17h14 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em baixa de 1,03%, cotado a R$ 4,8930.
Pela manhã, a moeda norte-americana à vista chegou a subir, dando continuidade ao movimento da véspera. Na máxima do dia registrada às 9h01, o dólar sta foi cotado a R$ 4,9180.
A divulgação de novos dados de emprego nos EUA às 9h30 mudou o cenário. O Departamento do Trabalho informou que a economia dos EUA gerou 187.000 postos de trabalho em julho, abaixo dos 200,000 postos estimados por economistas ouvidos na pesquisa Reuters. O setor privado gerou 172.000 vagas, contra 179.000 estimadas, enquanto o setor público abriu 15.000 novos postos.
Apesar de os dados mostrarem ganhos salariais fortes, o resultado reforçou as dúvidas sobre a necessidade de mais um aumento dos juros pelo Federal Reserve este ano.
Em reação, o dólar inverteu a tendência, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana em relação as divisas fortes e moedas de emergentes no exterior.
No Brasil, o movimento de baixa da divisa foi intensificado pelo fato de que na véspera, o dólar tinha subido 1,94%, influenciado pela decisão do COPOM do Banco Central que na quarta-feira cortou a Selic em 0,50% para 13,25% ao ano. Na mínima do dia o dólar foi cotado a R$ 4,8470.
“O movimento no mercado de câmbio foi exacerbado por conta da forte desvalorização que o real teve ao longo da semana. Então, isso abriu espaço para um movimento de realização de lucros hoje (sexta-feira), com forte valorização do real”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
No exterior, no fim da tarde, o dólar seguia em queda em relação as divisas fortes e as moedas de emergentes ou exportadores de commodities.
Às 17h14 (Horário de Brasília), o Dólar Índice estava em baixa de 0,42%, cotado aos 102.020 pontos.
Para José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, o Dólar Índice vai cair de fato “quando o mercado entender que o Fed parou mesmo de subir juros”. Neste caso, segundo ele, o dólar vai registrar novas mínimas em relação ao real.
“Mas obviamente estamos em um processo de corte de juros no Brasil, em que a Selic estará, a princípio, a 11,75% no fim do ano. E o Fed ainda pode subir mais seus juros. Logo, pode surgir algum incômodo para o dólar cair mais”, estimou.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para a rolagem do vencimento de setembro.