Após as quedas mais recentes, o dólar fechou em alta nesta segunda-feira, com parte do mercado sustentando posições compradas em meio à perspectiva de que o spread dos juros do Brasil diminua, já que o Banco Central caminha para iniciar seu processo de cortes da Selic, enquanto o Federal Reserve tende a elevar o custo dos empréstimos.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,8080 para a venda, em alta de 0,39%.
Na B3, às 17h46 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em alta de 0,36%, cotado a R$ 4,8300.
A moeda norte-americana chegou a cair pela manhã, após o relatório Focus do BC, que compila as projeções do mercado para os principais indicadores, mostrar que a inflação estimada para 2023 caiu de 5,06% para 4,98%. Para 2024, caiu de 3,98% para 3,92% e, para 2025, caiu de 3,80% para 3,60%. No caso de 2026, a inflação estimada caiu de 3,72% para 3,50%.
Os dados elevaram as expectativas de que, em sua reunião de agosto, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do BC dará a largada no processo de redução da taxa básica Selic com um corte de 0,50%. Atualmente, a taxa da Selic é de 13,75% ao ano.
Em um primeiro momento, a leitura foi de que apesar da queda da Selic reduzir o diferencial de juros para o Brasil, o país continuará atraente para o capital externo no médio e no longo prazo, favorecendo o real.
Em relatório, o UBS ajustou as suas estimativas para o dólar no encerramento dos próximos trimestres, de R$ 4,85 para R$ 4,60 no 3º trimestre de 2023 e de R$ 5,00 para R$ 4,80 no 4º trimestre de 2023. Para o 1º trimestre de 2024, a projeção para o dólar foi mantida em R$ 5,00 e para o 2º trimestre de 2024, caiu de R$ 5,25 para R$ 5,00.
Na mínima do dia, registrada às 9h26, o dólar atingiu R$ 4,7610.
O fato da moeda norte-americana haver registrado recentemente movimentos de baixa, no entanto, fez as cotações voltarem a ganhar força ainda pela manhã.
Entre uma parcela do mercado repercutiu a leitura de que, com uma Selic mais baixa no Brasil e juros mais elevados nos EUA nos próximos meses, como vêm sinalizando o Federal Reserve, há pouco espaço para quedas mais consistentes do dólar.
“Nós vamos enfrentar uma situação mais difícil para o dólar daqui para frente, com o diferencial de juros caindo”, indicou Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos. “Para o real se valorizar mais, temos que ter algum nível de melhora estrutural, como por meio da aprovação de reformas. O vento a favor vai parar de soprar um pouco.”
A maior cautela com posições no real nesta segunda-feira fez o dólar registrar uma máxima a R$ 4,8090 às 16h18, sendo que no exterior o movimento da moeda norte-americana era misto em relação a outras divisas.
Em função do feriado do Dia da Independência nos EUA nesta terça-feira, a expectativa também é de um menor volume de negócios com moedas no Brasil na próxima sessão.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para a rolagem do vencimento de agosto.