O dólar fechou em alta de 0,74%, cotado a R$ 4,0548 para compra e a R$ 4,0555 para venda, com máxima a R$ 4,0725 e mínima a R$ 4,0210, acompanhando movimento no exterior após um ataque dos Estados Unidos matar um alto oficial iraniano e agravar as tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Ontem, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,32%, cotada a R$ 4,0258 para venda.
Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Quds e considerado a segunda figura mais poderosa do Irã, morreu em um ataque aéreo dos EUA contra Bagdá, autorizado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O Irã, que vive um prolongado conflito com os Estados Unidos, prometeu vingança severa em retaliação ao ataque.
“Esse evento gerou uma mudança do clima, que estava positivo nos últimos dias. Agora, os possíveis desdobramentos são pouco claros, o que, no curto prazo, gera uma aversão a risco”, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
“As divisas emergentes acabam sendo impactadas por esse episódio, porque os investidores estão correndo para a segurança: dólar e Treasuries”, disse.
No mercado internacional, por volta das 17h55 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve alta de 0,05%, cotado aos 96,578 pontos, enquanto o euro estava em leve baixa de 0,08%, cotado a US$ 1,1162.
DIs revertem alta à espera de desdobramentos da tensão no exterior
A ofensiva americana que matou um dos principais líderes militares iranianos no Iraque, na noite de quinta-feira (2), criou um clima de incerteza nos mercados de todo o mundo, colocando em xeque o bom desempenho dos ativos de risco nas últimas semanas. Por aqui, a pressão foi sentida logo no começo do dia na bolsa, no câmbio e nos juros futuros. No entanto, passado o susto inicial, a onda de vendas foi amenizada, enquanto os agentes do mercado aguardavam mais informações para avaliar a situação.
As taxas dos contratos de DI até iniciaram a sexta-feira (3) em alta considerável, acumulando mais prêmio de risco, mas o movimento foi revertido gradualmente. Às 16h, a taxa do DI janeiro/2021 fechou estável a 4,52%, assim como a do DI janeiro/2022 a 5,26%, e do DI janeiro/2023, a 5,78%. Já a taxa do DI janeiro/2025 subiu de 6,39% para 6,41%.
Analistas afirmaram que ainda é cedo para determinar a magnitude e a extensão desse novo abalo geopolítico, ou mesmo o impacto em políticas econômicas. Mas, por ora, os saltos nos preços de commodities e no dólar ainda parecem ser choques pontuais. Sendo assim, o movimento teria impacto bastante reduzido na política expansionista do Banco Central. Além disso, apesar de uma série de dúvidas sobre os desdobramentos da tensão no Oriente Médio, não se observa um grande nervosismo sobre um conflito amplo e deflagrado na região.
“É um dia de maior aversão ao risco no exterior, mas sem pânico. Por aqui, isso serve como um pretexto para uma pequena correção, mas os movimentos modestos apenas reforçam como o clima local é positivo. Os ativos entraram em uma dinâmica onde uma realização chama compras”, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências.
Assim, o dólar tem alta contida e o Ibovespa registra queda ligeira. “É claro que todos estarão atentos a eventuais desdobramentos do fato, mas, por ora, ninguém vai sair se carregando de posições defensivas e apostando no pior, tendo em vista que o ambiente, até ontem, era de otimismo aqui e lá fora”, disse.
Ontem, os Estados Unidos conduziram uma ofensiva no Iraque que matou um dos principais líderes militares do Irã, detonando uma aversão ao risco nos mercados globais. O general Qassem Soleimani, chefe da elite Quds Force do Irã e arquiteto de seu aparato de segurança regional, foi morto no ataque aéreo americano. Também foi morto Abu Mahdi al-Muhandis, vice comandante das milícias apoiadas pelo Irã no Iraque, conhecidas como Forças de Mobilização Popular (PMF), e outras cinco pessoas.
Ainda na noite de quinta, o Pentágono informou que o Presidente americano, Donald Trump, havia aprovado o ataque e acusou Soleimani de desenvolver “ativamente planos para atacar diplomatas e militares americanos no Iraque e na região”. Em reação, o Irã prometeu uma “retaliação severa”, principal ponto de preocupação entre os analistas e profissionais de mercado, que resultou, hoje, em perdas nas principais bolsas do mundo, busca por proteção do dólar e alta nos preços de petróleo.
Por ora, o efeito para o panorama brasileiro, principalmente a política monetária, não parece ser muito grave. Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, a política monetária não é afetada pelo simples vaivém dos preços de ativos financeiros. Ele explica que as decisões de juros são direcionadas pelas expectativas de inflação e o tamanho do hiato do produto no país, fatores que ainda favorecem política expansionista no Brasil.
“A política monetária não vai ser afetada por uma mudança de preços de ativos. Ela é ancorada por expectativas de inflação e hiato do produto”, disse o profissional. Oliveira afirma, ainda, que os movimentos podem ser transitórios e “não parecem ser permanentes nem afetam os núcleos de inflação”.