O dólar à vista registrou a quarta baixa consecutiva nesta sexta-feira (12), na contramão do exterior, em um movimento, novamente, favorecido pelo diferencial dos juros entre o Brasil e os demais países, após os novos dados de inflação reforçarem a expectativa de uma taxa Selic ainda elevada no curto prazo.
Para venda, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9230, uma baixa de 0,27%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou uma queda de 0,41%.
Elevação do IPCA
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61% em abril, depois de ter avançado 0,71% em março. Nos 12 meses até abril, o índice foi de 4,18%, contra 4,65%.
Apesar da desaceleração, o IPCA ficou acima das expectativas de analistas em pesquisa da Reuters, de alta de 0,54% no mês e de 4,10% em 12 meses.
No mercado financeiro, uma das avaliações foi de que o IPCA reduziu as chances de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, no curto prazo. Essa perspectiva menor foi, inclusive, precificada na curva de juros brasileira.
Ao mesmo tempo, nos EUA, os investidores viam chances maiores do Federal Reserve manter a sua taxa básica na faixa de 5% a 5,25% em sua próxima reunião de política monetária.
Bom para estrangeiros
Na prática, a avaliação é de que o diferencial dos juros segue atraente para os estrangeiros investirem no Brasil, em especial na renda fixa.
“Temos a leitura de uma possível pausa no ciclo de aperto das políticas monetárias no mundo desenvolvido, mesmo que não seja consensual. No Brasil, temos a área comercial muito forte desde o início do ano e o BC está firme em sua postura técnica de manutenção da Selic”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, ao avaliar o viés mais recente de baixa para o dólar no Brasil.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, disse ainda uma correção técnica, para justificar a queda mais recente do dólar no Brasil.
Desvalorização do real
“O real também se desvalorizou mais do que outras moedas em sessões anteriores, por conta das notícias sobre o arcabouço fiscal e sobre a indicação do novo diretor de Política Monetária para o BC”, indicou a economista. “Agora tem uma correção.”
Nos últimos dias, também têm chamado a atenção notícias de que agentes do mercado estão aumentando posições no real.
Na última quarta-feira, o JPMorgan recomendou em relatório aos clientes uma posição comprada no real (no sentido de alta para a moeda brasileira, queda para o dólar). O banco pontuou que o Brasil segue oferecendo a maior taxa de juros real entre os emergentes.
Dólar x real
Nesta sexta-feira, o economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, fez um tuíte comparando o movimento do dólar contra o real em relação à inflação dos EUA. Por meio de um gráfico, ele indicou que quando a inflação norte-americana é baixa, o dólar cede em relação ao real.
“Vai ser um choque para as pessoas, mas o real do Brasil não é realmente sobre o Brasil. É sobre a inflação dos EUA”, indicou. Segundo Brooks, o “valor justo” da moeda norte-americana, de R$ 4,50, “está chegando”.
Na B3, às 17h29 (de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em baixa de 0,20%, cotado a R$ 4,9410.
No exterior, as 17h29 (Horário de Brasília), o Dólar Índice estava em alta de 0,59%, cotado aos 102.690 pontos.
Pela manhã, no Brasil, o Banco Central vendeu todos os 16.150 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem do vencimento de junho.
Fonte:Reuters