Dólar cai pelo 7º pregão seguido com fluxo e PEC dos gastos

O dólar comercial fechou em baixa de 0,58%, cotado a R$ 3,3255 para compra e a R$ 3,3260 para venda, com máxima a R$ 3,3658 e mínima a R$ 3,3167, pelo sétimo pregão consecutivo, com algum fluxo de entrada e após o Senado aprovar a PEC do teto dos gastos, aliviando um pouco as tensões do cenário político.

O mercado também está na expectativa da reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC) do Federal Reserve, amanhã.

Nestes sete dias seguidos de queda, a moeda norte-americana recuou 4,22%, maior sequência de baixas desde o início de agosto passado, quando também registrou sete desvalorizações consecutivas.

“Aprovou, é o que interessa. Causa alguma preocupação em relação a outros temas que ainda serão votados, mas, de bate pronto, a questão do aumento dos juros nos Estados Unidos é o que deve preocupar mais. Mas só amanhã”, disse um profissional de câmbio de uma corretora local.

O Senado aprovou mais cedo em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece teto para o crescimento das despesas públicas por 20 anos, com rejeição aos destaques que buscavam alterar o texto, em votação que contou com placar mais apertado.

O texto-base da PEC foi aprovado por 53 votos a 16, numa sessão com menor presença de senadores e que demandava mínimo de 49 votos para aprovação. Na votação em 1º turno, foram 61 votos a favor e 14 contra.

No início da sessão, o dólar chegou a trabalhar em alta na expectativa pela votação e acompanhando a valorização da moeda norte-americana no mercado externo.

“O dólar subiu na abertura de olho no exterior e com algumas compras de importadores. Aí começou a ter algum fluxo de entrada”, disse o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

Havia bastante expectativa pela votação da PEC diante das fortes turbulências políticas que atingiram o governo do presidente Michel Temer, após o vazamento da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que citou recursos repassados a líderes peemedebistas, incluindo Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, entre outros.

O dólar recuou também nesta sessão pelo leilão de venda de dólares com compromisso de recompra anunciado pelo BC, numa oferta total de até US$ 4.2 bilhões para rolagem dos contratos que vencem em janeiro.

“Pode-se ler essa antecipação (da rolagem) como uma forma de disponibilizar hedge/liquidez para o mercado em um dia de cautela e tensão com a questão do ajuste fiscal nacional em fase crítica”, disse pela manhã a corretora H.Commcor em relatório a clientes.

Normalmente, o BC anuncia leilões de linha para rolagem no final do mês. A autoridade monetária encerrou na véspera a rolagem dos swaps cambiais tradicionais de janeiro, de US$ 5 bilhões. O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a US$ 6.431 bilhões. No total, o estoque total de swaps tradicionais está em torno de US$ 26.6 bilhões, segundo o BC.

No mercado externo, o clima também era de cautela nas vésperas da reunião do Fed, com ampla expectativa de que os juros voltarão a subir. Agora, o mercado quer saber se o banco central norte-americano passará a promover aumentos maiores nas taxas após a eleição de Donald Trump.

Há temores de que sua política econômica seja inflacionária, o que obrigaria o Fed a ser mais agressivo em sua política de juros.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,13%, cotado aos 101,13 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,19%, cotado a US$ 1,0617.

Juros futuros fecham em alta, com ajuste diante de incerteza política

Os contratos futuros de taxas de juros encerraram em alta na BM&F, com o mercado ajustando as posições, na medida em que aumenta a cautela com o cenário político, diante da expectativa sobre as delações dos executivos da Odebrecht.

Por enquanto, a leitura é de que o aumento da tensão no cenário político não atrapalha o andamento das votações das medidas de ajuste fiscal. O Senado aprovou nesta terça-feira, por 53 votos a 16, a emenda constitucional que estabelece um teto para os gastos públicos. A aprovação já era amplamente esperada pelo mercado e os investidores acompanham agora as negociações para a votação da PEC da Previdência, que será votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na quinta-feira.

Mas o aumento da incerteza no cenário político é um elemento que pode limitar uma aceleração mais forte da queda da Selic. Em discurso na Fecomércio, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que estamos vivendo mais incertezas no cenário político e que isso tem um impacto.

No mercado de juros local, as taxas dos contratos futuros de curto prazo subiram na BM&F. O DI janeiro/2018 subiu de 11,82% para 11,83% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI janeiro/2019 subiu de 11,43% para 11,47%. Já o DI janeiro/2021 avançou de 11,79% para 11,85%.

A curva de juros embute 2,90% de corte da Selic ao longo de 2017, com maior probabilidade de corte de 0,50% da Selic em janeiro.

Segundo analistas, o movimento no mercado de juros hoje reflete mais um ajuste de posições, dada à queda verificada nos últimos dias com o mercado adotando uma postura mais cautelosa à espera da reunião de política monetária do Federal Reserve amanhã.

 

Fonte: O Globo

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