Mulheres ligadas à agricultura em todo o mundo avaliam que a discriminação de gênero persiste e é uma barreira no dia a dia de quem está no campo. É o que mostra um estudo realizado em 17 países a pedido da Corteva Agriscience, divisão agrícola da norte-americana DowDuPont. Foram entrevistadas 4.157 produtoras rurais que vivem realidades distintas em cinco continentes, 433 delas no Brasil.
De acordo com a pesquisa, 90% das brasileiras têm muito orgulho de trabalhar no campo ou na indústria agrícola, percentual que excede o resultado médio nos países incluídos na pesquisa.
“Em nosso País, a maior parte indicou que a desigualdade de gênero ainda é um problema, e metade das mulheres ouvidas afirma que tem salários menores que o dos homens que exercem funções semelhantes”, afirma Ana Claudia Cerasoli, diretora de marketing da Corteva Agriscience na América Latina, em nota.
O estudo aponta que, embora as mulheres se orgulhem de estar na agricultura, elas percebem que existe discriminação de gênero: esse dado varia de 78% na Índia a 52% nos Estados Unidos.
No Brasil, 78% das mulheres acreditam que existe discriminação de gênero, maior que a média global de 66%. Além disso, 63% das brasileiras disseram que, atualmente, existe menos discriminação que há dez anos e 44% consideram que o Brasil levará, em média, de uma a três décadas para alcançar equidade entre os gêneros.
RENDA MENOR EM RELAÇÃO AOS HOMENS
Quase 50% das brasileiras relatam ganhar menos que os homens. No Brasil, esta percepção é pior do que nos demais países (média de 40%).
Outro dado revelado na pesquisa aponta que 89% das mulheres no Brasil gostariam de ter mais acesso a treinamentos. Na América Latina, em países como México e Argentina, os números são semelhantes – 86% e 84%, respectivamente.
Ainda sobre educação, 87% das brasileiras e mexicanas gostariam de ampliar seu nível de formação acadêmica. As argentinas aparecem logo depois, com 85%.
“Entrevistamos produtoras de grandes fazendas em economias mais avançadas e também agricultoras de propriedades de subsistência no mundo em desenvolvimento”, diz Krysta Harden, vice-presidente de Assuntos Externos e Sustentabilidade da Corteva, na mesma nota.
Dentre as entrevistadas, apenas a metade se considera tão bem sucedida quanto os homens; 42% das entrevistadas dizem ter as mesmas oportunidades que os colegas do sexo masculino, e apenas 38% afirmam poder tomar decisões sobre como a renda é usada na agricultura e no cultivo. Quase 40% das entrevistadas relataram ter renda menor do que os homens e menos acesso a financiamento.
MAIS TREINAMENTO
Muitas mulheres disseram que precisam de mais treinamento para aproveitar a tecnologia agrícola que se tornou essencial para o sucesso financeiro e a administração ambiental. Esse desejo de treinamento surgiu como a necessidade mais citada entre as entrevistadas para derrubar os obstáculos à equidade de gênero.
No dia 16 de outubro, foi comemorado o Dia Internacional das Mulheres Rurais, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ressaltar a importância das mulheres na agricultura e identificar as barreiras que as impedem de ter uma participação plena e bem-sucedida no agronegócio.
3º CONGRESSO NACIONAL DAS MULHERES DO AGRONEGÓCIO
Em 2018, o 3º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que será realizado nos dias 23 e 24 de outubro em São Paulo, apresentará o tema “2030 – O futuro agora, na prática”.
O encontro trará especialistas para abordar temas considerados do futuro, mas que já podem e devem ser praticados, como big data, previsão climática, nanotecnologia e agroenergia, por exemplo.
Ainda será apresentado o que há de mais novo em desenvolvimento pelos jovens empreendedores com as startups, além dos inovadores métodos do design thinking para gestão. Para mais informações, acesse www.mulheresdoagro.com.br.
fonte: As informações são do jornal Valor Econômico e veiculadas no site MilkPoint com edição d’A Lavoura