Em 2022, o produtor rural deverá enfrentar muitos desafios, mas terá de fazer ajustes e adaptações para alcançar os melhores resultados. A estimativa é do diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Márcio Sette Fortes.
“Os custos de produção estão mais altos, assim como os preços dos fertilizantes, defensivos, sementes e outros insumos. A energia também está mais cara. Embora as margens de lucro estejam favoráveis, elas ficarão deprimidas (em razão desses fatores), quando poderiam ser maiores”, disse Fortes, ao participar do podcast do grupo Agro de Negócios, na plataforma Clubhouse, que contou com presença de produtores e empresários ligados ao setor.
Já as perspectivas oficiais para a inflação são moderadas. “Devemos ter uma inflação um pouco menor, mais comportada, que responderá aos rigores climáticos ao longo de 2022. Nos meses iniciais desse ano, ela ainda se manterá alta. Os setores de alimentação e bebidas e de transportes foram os mais afetados”, disse Fortes.
“O esperado alívio da inflação no preço dos alimentos poderá vir da questão climática, em razão do volume esperado para a safra em 2022, caso não haja maiores contratempos advindos do rigor do clima”, ressaltou o diretor da SNA, chamando a atenção para a atual seca no Sul do Brasil e para as fortes chuvas em outras regiões do País.
Recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que a safra 2022 de grãos será de 277 milhões de toneladas. Em 2021 foram 250 milhões de toneladas.
Commodities
Fortes estimou ainda que em 2022 os preços das commodities no mercado internacional deverão se manter em alta, com o câmbio favorável. “Os mercados internacionais serão extremamente apetitosos para o produtor rural brasileiro. Contamos com uma safra de grãos ainda maior para garantir o crescimento do PIB”, disse.
“Em 2021, a manutenção do preço das commodities no mercado internacional proporcionou um superávit de US$ 61 bilhões na Balança Comercial. Para 2022 espera-se algo oscilando entre US$ 70 e US$ 80 bilhões de dólares, e isso deverá contribuir para o aumento do PIB”, acrescentou o diretor da SNA.
Por outro lado, observou o especialista, “a grande demanda por milho e soja por parte da China também poderá refletir no aumento de preços no mercado interno para a cadeia das proteínas animais”, encarecendo produtos como carne, leite, ovos, entre outros.
Equilíbrio
Ao destacar os desafios para 2022, Fortes afirmou que é necessário equilibrar a oferta de sementes, fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas.
Neste último caso, disse ele, “a cadeia de fabricantes se viu afetada pela pandemia, o que provocou a falta de peças e atrasos nas entregas. Esses atrasos deverão persistir em 2022. O mercado aqueceu e houve dificuldade de atender à demanda do produtor rural. No Moderfota (programa de financiamento de máquinas agrícolas), o volume de recursos se esgotou antes do final de 2021”.
Com relação aos fertilizantes, o diretor da SNA ressaltou a grande dependência do País na importação do insumo, diante de um câmbio desfavorável.
“O Brasil importa 80% dos fertilizantes que consome. Sofre também com atrasos nas entregas. O desafio será aumentar a produção interna e antecipar as compras para garantir estoque. Outra saída são os investimentos, no longo prazo, em fertilizantes produzidos a partir do hidrogênio verde, de baixo carbono.”
Por fim, Fortes explicou que, no caso da produção de sementes, a oferta necessita de planejamento. “Caso haja mudanças abruptas no cenário, esse planejamento cai por terra. A produção deve estar alinhada com o timing da demanda de safra. O mercado precisa se adaptar a essas mudanças”, ressaltou.
Logística
A exemplo das cadeias produtivas, o setor de logística também sentiu os efeitos da pandemia da Covid-19. Nesse sentido, lembrou o diretor da SNA, o cancelamento de embarques, a falta de contêineres e o aumento do frete marítimo contribuíram para a crise no setor, afetando negativamente as exportações do agronegócio e as importações de fertilizantes e outros insumos.
“A recente da sanção da BR do Mar, que estimula a navegação de cabotagem, a despeito do veto ao Reporto; as concessões para os portos e o Marco Legal das Ferrovias (que permite a construção de estradas de ferro segundo o modelo de autorização, sem a necessidade de leilão), deverão melhorar a logística a partir de 2022.”
Fonte: Clubhouse/Agro de Negócios
Equipe SNA