Diretor da Abramilho estima que o milho verão 2017/18 poderá perder até 50% da área

Quando os preços das safras são tão baixos, os agricultores sempre querem garantir uma rentabilidade para sua produção. No Brasil, esse lucro está muito baixo. Como resultado, os agricultores estão preparados para reduzir a produção de milho pela metade na próxima safra de verão, enquanto caminha em concluir uma safra de cerca de 97 milhões de toneladas.

Em entrevista para a Agriculture.com durante o primeiro dia da 40ª edição da Expointer, no Rio Grande do Sul, Paulo Bertolini, diretor da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), antecipou que em sua opinião, a primeira colheita (que está prestes a ser plantada) terá uma redução da área plantada de quase 50%.

“Isso sempre acontece. Quando uma colheita não remunera, a maioria dos produtores reduz uma grande parte da área. Durante a primeira safra, é provável que os preços sejam bons novamente. Então, a segunda safra de milho, continuará a ser maior do que a primeira colheita como reação e mesmo porque é cultivada nos estados com mais área disponível”, disse Bertolini.

Outras razões mencionadas para os hectares de milho menores foram o custo mais alto da dívida no País, os agricultores mais endividados e o alto custo para plantar o milho. “Nos últimos anos, o milho tem sido muito caro para produzir. O dólar variou muito e a política está mais instável. A taxa de juros de referência do Brasil estabelecida pelo Banco Central vem caindo muito recentemente e a expectativa é que ele atinja o recorde de 7,5% este ano”, disse Bertolini.

Até agora, a solução para os excedentes de milho brasileiros tem sido a exportação.

Além disso, a Cargill desenvolveu fábricas híbridas de etanol. Ou seja, moinhos que podem produzir etanol a partir de cana-de-açúcar ou de milho. A Companhia Nacional de Abastecimento do Brasil estima que o milho fique com estoque de 21.5 milhões de toneladas métricas.

“O Brasil é relativamente novo no mercado de exportação de milho. Ainda temos de solidificar esses mercados”, disse Bertolini. “Nossos mercados maiores e mais fortes, a China e a Arábia Saudita, querem nosso milho fresco e sua demanda é nova. A África também poderia ser um bom parceiro. Mas os países da América Latina e do Oriente Médio são mais complicados porque já são atendidos pelos EUA ou pela Argentina”.

Bertolini disse que o Brasil atingiu uma produção de cerca de 100 milhões de toneladas três anos antes do esperado pela Abramilho, e que 150 milhões de toneladas serão produzidas em menos de 10 anos com mais grãos processados ​​no País e 40% da produção indo para DDGs. Mas ele não vê nenhuma solução inicial para os próximos problemas.

“Houve uma melhoria nos portos de Paranaguá e Santos, mas ainda assim, as estradas e a escassez de ferrovias permanecerão por um tempo. O governo controla a maioria das coisas e quando privatiza, dirige a poucas empresas específicas. E o armazenamento ainda é um problema. Há muito milho armazenado no chão, em todo o Mato Grosso hoje”, disse ele.

Bertolini acredita que o Brasil ainda é competitivo em comparação com os EUA dentro dos portões da fazenda porque os agricultores brasileiros não investem tanto na irrigação quanto nas sementes devido aos altos custos logísticos. “Se o lucro for maior, haveria mais dinheiro necessário para investimentos contínuos e o preço da fazenda brasileira não será tão competitivo como hoje”, disse.

Paulo Bertolini é de Castro, Paraná, onde produz numa área de 2.400 acres no verão dividido entre soja, feijão e milho. Bertolini usa a metade da área com milho e está preparado para plantar até 10 de setembro.

 

Fonte: Agriculture.com

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