“Estamos em um momento muito positivo, mas, na minha opinião, como produtor, o grande temor do segmento é com relação ao tamanho da safra norte-americana comparada à da América do Sul – em especial ao nosso País”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira.
Dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam a produção da oleaginosa em 86,5 milhões de toneladas na safra 2013/2014, avanço de 6,2% sobre os 81,4 milhões de toneladas registradas em 2012/2013. O resultado é consequência da expansão de 8,3% na área colhida, apesar da redução de 1,9% em produtividade devido a problemas climáticos.
Silveira diz que a expectativa para a safra 2014/2015 é atingir 90 milhões de toneladas do grão, número já projetado para este ano, mas que não se consolidou por conta da estiagem e chuvas irregulares entre o final de 2013 e o início de 2014.
A nível mundial, o Conselho Internacional de Grãos (IGC), com sede em Londres, passou a estimar a produção da oleaginosa em 284 milhões de toneladas para 2014/2015 , 12 milhões acima do resultado da safra 2013/2014.
O consumo internacional subiu em um milhão de toneladas, na avaliação do IGC, e agora é estimado em 282 milhões de toneladas, 4,8% a mais que os 269 milhões de toneladas nesta safra.
“O que tem segurado os preços da soja é a demanda bem aquecida, principalmente no exterior. O cultivo dos Estados Unidos sofreu por intervenções climáticas, abrindo uma lacuna para o mercado brasileiro. A China é o principal importador e as taxas de câmbio por aqui colaboram para a manutenção do cenário”, explica o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucílio Alves.
A gestora do departamento de economia da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Adriana Mascarenhas, afirma que só entre os meses de janeiro e abril deste ano houve um aumento de 48% no volume de exportações do grão, no comparativo dos últimos doze meses. O farelo de soja expandiu em 12% no nível de vendas para o exterior.
Entretanto, o especialista do Cepea destaca que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já deu sinais claros de 4% na expansão da área plantada para a próxima safra. “Eles estão com 60% da produção já cultivada até o dia 25 de maio, um ritmo mais adiantado em relação ao ano passado. É possível trabalhar com projeções de queda entre 13% e 15% nos preços negociados pelo Brasil para março de 2015”, enfatiza Alves.
Para o pesquisador, uma reversão nestas expectativas só caberia mediante alta nas taxas de câmbio ou algum fator que impedisse a produção nacional de crescer conforme o estimado.
BIODIESEL
A presidente Dilma Rousseff aprovou, na última semana, o aumento na mistura do biodiesel ao diesel, medida bem recebida tanto pela indústria quanto pelos representantes do setor produtivo.
“Esta solicitação demorou muito tempo para ser atendida, mas provamos para o governo que seria positivo para todas as partes. Auxilia na redução da ociosidade da indústria e deixaremos de exportar uma parte do grão in natura para direcioná-lo ao atendimento de uma nova demanda interna que surgirá”, disse ao DCI o senador Cidinho Santos (PR). Para ele, assim será possível agregar ainda mais valor ao grão.
Fonte: DCI