A valorização do dólar no Brasil implica em desvalorização do real. Quando ocorre a desvalorização do real, os efeitos sobre os preços de produtos de exportação são positivos, ou seja, tais produtos se valorizam em reais. É o que vem ocorrendo neste momento em nosso País com a soja, por exemplo.
Por ser um produto de exportação, a oleaginosa está cotada hoje no interior gaúcho, acima de R$ 90,00/saca no mercado de balcão. É o maior preço nominal da sua história no estado.
O professor e doutor em economia internacional, Argemiro Luis Brum disse que, como as cotações em Chicago estão em baixa neste momento e o prêmio no porto de Rio Grande continua relativamente estável (dois outros importantes componentes na formação do preço da soja), o atual preço da oleaginosa é sustentado unicamente pelo câmbio.
Se não tivesse ocorrido esta desvalorização, muito intensa e fora da curva, e o real tivesse ficado ao redor das cotações do início do corrente ano (entre R$ 4,00 e R$ 4,10), a saca de soja no mercado de balcão gaúcho estaria hoje ao redor de R$ 69,00, ou seja, a mesma teria um valor próximo de R$ 22,00 a R$ 25,00 a menos do que vale hoje.
Por outro lado, com a desvalorização do real, tudo que o Brasil importa fica proporcionalmente mais caro. Assim, como os insumos para se fazer as lavouras de inverno e verão são importados ou têm componentes importados, seus preços tendem a subir.
No caso do atual câmbio, os mesmos podem subir de forma significativa em relação à safra passada. Tudo irá depender da capacidade das indústrias e dos revendedores em repassar ao produtor rural (consumidor final) a totalidade desta alta motivada pelo câmbio.
Em muitos casos isso poderá não ser possível, com o aumento dos insumos sendo absorvido, em parte, pela indústria e revendedor, diminuindo suas margens de ganho, e diante da impossibilidade de o produtor pagar a integralidade do aumento.
No caso do Rio Grande do Sul, na próxima safra isso poderá ocorrer, pois houve grande frustração e perda de renda com a seca que atingiu a última safra de verão, após uma colheita ruim de trigo no inverno.
No entanto, é preciso considerar que os insumos têm um mercado oligopolizado, na mão de poucas indústrias, o que permite a elas colocar o maior preço possível.
Assim, os produtores de soja, por exemplo, de imediato, estão conseguindo um preço elevado pelo produto (para a grande maioria, infelizmente, tais preços não estão compensando as perdas devido à seca).
Porém, logo adiante, poderão ter de pagar preços muito elevados pelos insumos que serão utilizados na futura lavoura, aumentando de forma considerável os custos de produção.
Agrolink