O frango vivo comercializado no interior paulista fechou outubro completando 62 dias com o preço inalterado em R$ 3,10/kg, praticamente a mesma situação registrada em Minas Gerais, onde a cotação de R$ 3,30/kg atingiu 64 dias de estabilidade. O que, em ocasiões anteriores, era decorrência de equilíbrio entre oferta e procura, desta vez tem leitura diferente. Pois a longeva cotação tem sido aplicada, quase exclusivamente, ao frango vivo cuja produção foi pré-acertada com os abatedouros. Ou seja: produto sem prévia destinação definida se sujeita aos humores do dia ou, traduzindo, a vendas por valores bem inferiores.
Isso vem ocorrendo desde que os abatedouros, empresas integradas na maioria, colocaram em segundo plano fator que, até recentemente, era considerado primordial na atividade: a plena utilização da capacidade de abate. Isso significou operar apenas com a produção própria e implicou em recorrer minimamente ao mercado disponível de aves vivas.
Como resultado, o mercado paulista do frango vivo vai, paulatinamente, deixando de ser o referencial de outrora – como já aconteceu na Região Sul do País, e vem se estendendo para a região Sudeste. Ainda assim, continua a balizar praticamente todo o mercado interno do frango brasileiro.
Com a estabilidade registrada nos últimos dois meses (e que começou no final de agosto), o valor do frango já não registra os mesmos índices anteriores de evolução. É verdade que o preço médio atingido nos dez primeiros meses do ano – R$ 2,86/kg – está 13% acima do registrado no mesmo período de 2015 e, portanto, apresenta ganho real, pois supera a inflação do período.
É importante mencionar, porém, que esse ganho, além de estar muitíssimo aquém da evolução dos custos (que, entre janeiro e setembro de 2016, registravam aumento de 26% em relação a idêntico período anterior, segundo levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves), vem se reduzindo drasticamente.
Exemplificando, o frango vivo fechou o primeiro semestre de 2016 com um preço médio (R$ 2,70/kg) – quase 16% superior à média dos seis primeiros meses de 2015 (R$ 2,33/kg). Já nos quatro primeiros meses do segundo semestre essa média subiu para R$ 3,08/kg – valorização, portanto, de 14% sobre o resultado do primeiro semestre. Mas em comparação aos mesmos quatro meses de 2015, essa valorização cai para apenas 10%.
E como, à primeira vista, são escassas as possibilidades de uma revitalização de preços no bimestre final de 2016, o frango vivo tende a encerrar o presente exercício com uma valorização de no máximo, 10% – ligeiramente superior à inflação, mas absolutamente insuficiente para cobrir o aumento de custos enfrentado no ano.
Fonte: AviSite