Os desembolsos de crédito rural registraram forte aumento no primeiro mês de vigência da safra (2019/20), seguindo a tendência do ciclo passado. O volume contratado junto ao bancos aumentou 23,10% em julho, para R$ 16.5 bilhões, em relação ao mesmo mês da ciclo passado (2018/19), segundo dados do Banco Central.
O maior incremento nas concessões de crédito rural pelas instituições financeiras foi para os agricultores familiares, que tomaram R$ 3 bilhões, 43% mais que em julho do ano passado. Já a agricultura empresarial, que abrange médios e grandes produtores, contratou R$ 13.6 bilhões, aumento de 20% na comparação.
Neste novo ciclo, pela primeira vez o governo decidiu subsidiar mais os pequenos agricultores do que os de maior porte. Mais da metade dos R$ 9.8 bilhões em gastos com equalização com taxas de juros do crédito rural será destinada a esse público em 2019/20.
Segundo as informações do BC, os desembolsos voltados aos médios produtores cresceram 37% em julho, para R$ 2.7 bilhões. “O crédito está fluindo bem e não houve interrupção na demanda por conta dos juros mais altos. A taxa do crédito oficial subiu, mas ainda é a melhor alternativa diante das taxas livres”, disse Wilson Vaz, diretor de Financiamentos do Ministério da Agricultura.
Nesta safra, as taxas de juros das linhas do Plano Safra subiram em torno de 1%. Mas também colaborou para o aumento o fato de a oferta de crédito para o pré-custeio a juros controlados, sobretudo por parte do Banco do Brasil, praticamente não ter existido na safra passada, por causa da escassez de recursos a juros controlados. Líder do mercado de crédito rural, o BB emprestou R$ 6.1 bilhões em julho, alta de 11%.
“Quando a expectativa é de elevação das taxas de juro na safar seguinte, os bancos seguram (o crédito) tudo o que podem em maio e junho para liberar em julho com juro novo”, afirmou o economista Antônio da Luz, vice-presidente da Comissão de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Dentre as linhas de crédito, as voltadas a operações de investimento registraram forte ritmo de contratações no mês passado. Somaram R$ 2.6 bilhões, 36,80% mais que em julho de 2018. Os desembolsos nas linhas de custeio agropecuário, a modalidade mais procurada, também cresceram, ainda que em patamar menor: 15,70%, para R$ 11 bilhões.
No primeiro mês desta nova temporada, os bancos privados foram os que registraram a maior alta nos empréstimos. O incremento chegou a 30,50%, para R$ 4.7 bilhões no total. O banco desse segmento que mais concedeu financiamentos ao agronegócio foi o Bradesco, cujos desembolsos mais que dobraram e alcançaram R$ 1.2 bilhão.
Valor Econômico