Março foi um ponto fora da curva para o ritmo dos desembolsos de crédito destinado à comercialização na safra 2016/17, marcada por preços achatados e vendas em baixa diante de uma supersafra de grãos. No mês passado, o volume de operações recuou 30% para R$ 2.8 bilhões em relação a março de 2016.
Segundo o Ministério da Agricultura, o comportamento atípico dessas linhas de crédito rural em março deste ano pode ser explicado pelo fato de que entre março e abril do ano passado, as empresas de frango e suíno enfrentaram escassez de oferta de milho no mercado interno e preços elevados. Assim, demandaram mais recursos para comercialização, usados geralmente para estocagem de produtos.
“Houve essa queda em março, mas achamos que ainda pode haver uma demanda maior por empréstimos para comercialização, dado que na média os preços de mercado estão em patamares bem inferiores a 2016”, disse o diretor do departamento de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério, Wilson Vaz.
No acumulado dos nove primeiros meses da safra 2016/17 (julho de 2016 a março deste ano), o desembolso de crédito para comercialização no campo cresceu 20% sobre o mesmo período do ciclo anterior, para R$ 22 bilhões.
Mesmo com a queda nas contratações para comercialização, a demanda mensal por crédito rural avançou pelo sexto mês consecutivo e fechou março em R$ 14 bilhões, alta de 3%. Enquanto o montante liberado para custeio teve incremento de 16,4% para R$ 7.8 bilhões, o para investimentos subiu 17,2%, para R$ 3.4 bilhões no mesmo intervalo.
Apesar de a colheita de soja estar perto do fim nas principais regiões produtoras, o plantio de milho safrinha e o início do movimento de antecipação das compras de insumos para a próxima safra, a 2017/18, ajudam a explicar esses aumentos.
No terceiro mês deste ano, os bancos públicos também voltaram a amargar queda nas liberações, de 19,3% para R$ 7.5 bilhões. Já os bancos privados ampliaram os desembolsos em 55% no período, para R$ 4.8 bilhões.
No acumulado da safra 2016/17 até março, diferentemente das seguidas quedas desde o início do atual calendário agrícola, a demanda por financiamento rural se manteve na casa dos R$ 116 bilhões também observados em igual intervalo de 2015/16. No período, destacaram-se as contratações que tiveram como fonte de recursos as captações com Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que cresceram 44,7% para R$ 12.3 bilhões. Já os desembolsos para o Moderfrota mais do que dobraram, para R$ 5.8 bilhões.
Fonte: Valor