Demanda por fertilizante provoca filas de navios no Porto de Paranaguá

Principal porta de entrada de fertilizantes no Brasil, o porto de Paranaguá, na última sexta-feira (27/5), tinha sete navios com insumos atracados, 16 aguardando para descarregar e 18 programados para os próximos 30 dias. Segundo a Paraná Portos, empresa que administra o terminal, o porto está movimentando uma quantidade incomum de fertilizantes.

Segundo dados da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no primeiro quadrimestre deste ano, o terminal movimentou 3.6 milhões de toneladas de fertilizantes, o que representa um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2021. Com isso, toda a capacidade de armazenamento de 3.5 milhões de toneladas do porto já está em uso, dificultando o trabalho de descarga.

A situação em Paranaguá é resultado de duas estratégias diferentes. Em uma ponta, os compradores decidiram antecipar as importações de fertilizantes, com medo de faltar produto no mercado brasileiro, especialmente depois das sanções contra a Rússia e contra a Bielorússia, por conta da guerra na Ucrânia, mesmo sem espaço suficiente para armazenagem no país.

Por outro lado, os produtores rurais estão adiando as compras dos insumos, esperando preços melhores, especialmente no segundo semestre.

Retaguarda

Segundo Luiz Teixeira da Silva, diretor de Operações dos Portos do Paraná, os navios que atracam nos berços públicos de Paranaguá descarregam o fertilizante diretamente para os armazéns de retaguarda, fora da área do porto organizado. “Estes armazéns pertencem à iniciativa privada e vendem o espaço para o importador que deposita ali a sua mercadoria”, explica Silva.

“A capacidade total dos armazéns de retaguarda gira em torno de 3.5 milhões de toneladas. Em condições normais, a mercadoria tem um giro para o interior, evitando que o sistema fique saturado. Atualmente, o fertilizante não está saindo de Paranaguá. Então temos um grande volume chegando, resultado da antecipação das compras por parte do importador, e um volume bem menor saindo, resultante da demora da venda para o produtor rural”.

Adaptação

Silva acredita que o mercado está se adaptando às novas realidades, como pandemia e guerra, e que vai demorar um pouco para a comercialização começar a rodar normalmente. “É uma combinação de fatores: antecipação de compras, aumento de frete e aumento do preço do produto. São variáveis que o mercado vai ter que conviver e se auto regular”, disse.

Preços de fertilizantes

O preço dos principais fertilizantes teve um reajuste de mais de 350%, saindo de uma média de US$ 350,00 a tonelada na safra passada, para US$ 1.300,00 a toneladas na safra este ano, um percentual de reajuste que, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), pode gerar desabastecimento de alimentos no mercado mundial.

O impacto do aumento dos preços, segundo Fernando Cadore, presidente da entidade, não será sentido apenas pelo produtor rural, mas também vai afetar o consumidor final, que terá menos alimentos nas prateleiras do supermercado.

“Sugerimos à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que acione o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), cobrando explicações das empresas sobre o reajuste no preço considerado pelo setor produtivo como “abusivo e inexplicável” ou mesmo como “formação de cartel”, ou seja, com intuito de gerar lucro às poucas indústrias que atuam no País”, disse Cadore.

 

 

Fonte: Canal Rural

Equipe SNA

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