A semana foi agitada para o mercado da soja na Bolsa de Chicago e terminou o pregão da sexta-feira passada (28) com altas de mais de 20 centavos nos vencimentos mais negociados. Assim, o maio fechou cotado a US$ 14,75, enquanto o julho fechou cotado a US$ 14,73 o bushel. Apesar de o clima na América do Sul comprometendo severamente a oferta, neste momento o mercado encontra força também na demanda, disse Victor Martins, Risk Manager da Hedge Point Global Markets, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
“A demanda está sendo o driver de alta agora (…) E tivemos um movimento sincrônico com altas em Chicago e também dos prêmios”, disse. “O clima continua sendo o foco, mas a demanda foi implacável mostrando que não pode haver erro”, completa. Os line ups nos portos brasileiros para os primeiros meses de 2022 são elevados, a demanda para exportação segue forte e continua disputando com a indústria local, que também se mostra bastante ávida pela matéria-prima.
Segundo Martins, pelo menos por agora, as esmagadoras “batem de frente” com os importadores, uma vez que diante de margens tão positivas de esmagamento, têm ofertado preços melhores, acima dos R$ 190,00 por saca, para garantir que a soja permaneça por aqui. Do mesmo modo, os indicativos na exportação também permanecem firmes, porém, com dificuldade de originação dada o interesse de venda contido por parte do produtor brasileiro neste momento.
O momento faz, portanto, com que os demandadores, principalmente a China, passem a olhar mais para os Estados Unidos como alternativa de origem. Todavia, a demanda interna norte-americana também está bastante forte, disputando a oleaginosa com as exportações, ao serem registrados níveis recordes de esmagamento nos EUA e margens muito positivas, como acontece no Brasil.
A China caminha para entrar no feriado do Ano Novo Lunar, o mais importante da nação asiática, e a demanda por soja depois deste período deve ser, segundo o Risk Manager, bastante agressiva. Na análise do especialista, os chineses terão que comprar 30 milhões de toneladas de abril a junho.
“A soja dos R$ 200,00 não está mais tão distante”, disse Martins.