Em tempos de disponibilidade menor de terras para a expansão da produção agrícola no Brasil, as soluções que alimentam a chamada “agricultura de precisão” resistiram à crise e continuaram a apresentar boa demanda no país, e as companhias que atuam no segmento – que, em linha com o observado no setor em geral, encerraram 2016 mais confiantes com o futuro do país do que estavam no fim de 2015, apesar de todas as incertezas que insistem em turvar o horizonte – acreditam que esse crescimento deverá ser acelerado com a recuperação da economia.
Nessa seara, uma das áreas que tem ganho cada vez mais importância é a de produtos voltados ao controle biológico das lavouras, com destaque para os canaviais. Conforme a Associação Brasileira das Empresas de Controle biológico (ABC Bio), esse mercado tende a crescer pelo menos 15% ao ano no País nos próximos anos, acima da média mundial. Em evento realizado recentemente em São Paulo, a entidade lembrou que os produtos biológicos ainda representam no país de 1% a 2% do mercado de proteção de cultivos como um todo (cerca de US$ 10 bilhões anuais), o que abre espaço para a aceleração esperada.
Também na área de biofertilizantes tem havido uma multiplicação de novos produtos à disposição dos agricultores. E, como no caso dos produtos biológicos voltados à proteção das plantações contra a incidência de pragas e doenças, a promessa de redução do desperdício é uma das vantagens prometidas. De olho no interesse dos produtores, pesquisa realizada pela Embrapa Instrumentação em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) gerou, no ano passado, o nanocompósito fertilizante granulado, composto de fertilizantes e adjuvantes – substâncias adicionadas à pulverização justamente com o intuito de aumentar a eficácia do produto.
O potencial de incremento do uso desse tipo de solução que, ao fim e ao cabo, sinalizam ganhos de produtividade importantes no campo brasileiro em tempos de, também continua a atrair a atenção de multinacionais. Uma delas é a italiana Valagro, que deverá inaugurar ainda no terceiro trimestre 2017 uma unidade de produção em Pirassununga, no interior de São Paulo, fruto de investimentos da ordem de € 10 milhões e que deverá empregar cerca de 50 pessoas. A empresa já atua no Brasil, onde mantém polos de desenvolvimento, com importados.
Em recente entrevista ao Valor, Victor Sonzogno, principais executivo da Valagro no país, explicou que a companhia atua nas áreas de bioestimulantes, micronutrientes, biofertilizantes e biocontrole. E que um dos principais desafios para quem atua no ramo, atualmente tratado como complementar aos insumos químicos, é se diferenciar da concorrência. Só no segmento de fertilizantes especiais, por exemplo, já há mais de 700 empresas registradas no Ministério da Agricultura. Em 2015, o faturamento total da Valagro, que vende seus produtos em mais de 80 países, alcançou € 107.7 milhões.
Fonte: Valor