Delfim Netto diz que o País está crescendo pouco

"o governo controla a gasolina para combater a inflação, mas destrói o setor do etanol"
Delfim Netto:’O governo controla a gasolina para combater a inflação, mas destrói o setor do etanol’

 

Durante o Fórum Lideranças da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), realizado em São Paulo, o ex-ministro da Fazenda e professor Delfim Netto afirmou que “o País está crescendo muito pouco e isso é um grande problema”. Ele acredita que “o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ficar em torno de somente de 1%”. Ao falar para empresários e executivos durante o Fórum Lideranças da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), quando fez uma análise sobre os desafios da economia brasileira, chamou a atenção para o fato de que “a inflação e a dívida pública do Brasil estão com certo descontrole, mas não vão levar o país ao descontrole”. Já o setor industrial “passa por uma fase perturbadora e que precisa ser vista com carinho pelo governo federal.”

Segundo o ex-ministro, “o governo controla a gasolina para combater a inflação, mas destrói o setor do etanol”. Além disso, considerou um grave equívoco a política do governo de utilizar o câmbio para combater a inflação, argumentando que só é viável controlar sua variação, mas não o nível. Em sua opinião, a intervenção do Banco Central está mantendo o câmbio abaixo do seu equilíbrio.

 

GESTÃO

Delfim Netto chamou a atenção, ainda, para o “certo descuido” do Poder Executivo na gestão das contas públicas, ao afirmar que “a prioridade do governo tem sido a ampliação do custeio e não dos investimentos”. Para ele, “houve, talvez, excessos no emprego de recursos do Tesouro para repasses ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que acabou ajudando a elevar a dívida bruta. Ocorreu uma confusão de achar que dívida pública é recurso.”

Destacou o fato de que a indústria de transformação apresenta um nível de atividade semelhante ao registrado em 2009, o que representa estagnação. Em sua análise, o setor privado investe pouco porque não confia no governo, enfrenta excesso de burocracia, não tem condições isonômicas em relação aos competidores externos e não tem garantias jurídicas. Por isso, “o clima de negócio tem piorado”. Um exemplo dessa situação é o registro de um déficit de contas correntes de US$ 270 bilhões. “O poder de demanda da indústria nacional vem sendo engolido pelas importações de produtos. Desde 2010 e de maneira sistemática”, acrescentou.

Ele mencionou o documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado recentemente, que colocou o Brasil na lista de países economicamente vulneráveis, no qual indica que a dívida de curto prazo sobre as reservas no Brasil é de 8,7%, bem menor que de outros países também considerados vulneráveis, como Índia (31,1%), Indonésia (39,7%), África do Sul (55%) e Turquia (84,6%).

 

Por equipe SNA/SP

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