Delegação brasileira inicia viagem para a Ásia

A ministra Tereza Cristina inicia nesta segunda-feira (6/5), uma viagem de 16 dias ao continente asiático. A delegação brasileira passará por quatro países – Japão, China, Vietnã e Indonésia, onde terá reuniões e encontros com autoridades governamentais, empresários e acadêmicos com o objetivo de promover os produtos agropecuários e aumentar a participação brasileira nesses mercados.

“Vou à China, ao Japão, que está ávido por nossos relatórios para abrir mercado para nossa carne in natura. Depois irei ao Vietnã, que tem interesse em frutas, gado em pé, soja e milho”, disse a ministra na abertura da Agrishow, no último dia 29, em Ribeirão Preto (SP).

A comitiva terá 98 pessoas, incluindo a equipe do ministério, parlamentares, empresários e representantes de associações setoriais.

Japão

A primeira parada é em Tóquio, capital japonesa. No dia 9, a ministra vai se reunir com representantes da Federação das Indústrias do Japão (Keidanren) para discutir investimentos em infraestrutura de transporte e armazenamento de grãos. No mesmo dia, terá encontros com os ministros da Agricultura, Floresta e Pesca e da Saúde.

Na sexta-feira, dia 10, a ministra participará de evento de promoção de cafés especiais nacionais na UCC Coffee Academy, escola de barismo reconhecida em Tóquio. Cerca de 100 convidados terão a oportunidade de degustar várias amostras de cafés brasileiros importados pelo Japão, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais.

“A intenção do governo brasileiro é contribuir com as iniciativas que o setor privado tem promovido no exterior, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais. Os países asiáticos são a nova fronteira para o mercado do café”, informou, em abril, o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Orlando Leite Ribeiro, que acompanhará a ministra.

G-20

Em Niigata, na costa japonesa, a ministra participará, nos dias 11e 12 (sábado e domingo), do encontro com seus pares do G-20, que antecede a reunião entre os chefes de Estado do grupo, que ocorrerá em 28 e 29 de junho, em Osaka. O tema da reunião ministerial é “O Desenvolvimento no Setor de Agricultura e Alimentos – Novos Desafios e Boas Práticas”. E também haverá encontros bilaterais.

Tereza Cristina apresentará práticas sustentáveis adotadas pelos produtores brasileiros, principalmente os projetos que fazem parte da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).

China

As visitas aos países asiáticos ocorrem em momento de riscos e oportunidades comerciais, sobretudo com a China, principal parceiro do Brasil, com 35% das exportações em 2018. O País acompanha os desdobramentos da negociação do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, que pode aquecer a economia global e a demanda por alimentos.

O eventual acordo suspenderia a guerra comercial iniciada no ano passado pelos dois países, porém, pode reduzir a compra de soja brasileira pela China. Isso porquê o acerto deverá derrubar a cobrança de tarifas nas exportações da soja norte-americana ao mercado chinês e, assim, afetar as exportações brasileiras.

“As coisas nesse mercado não são simplistas e nem para amadores”, disse Tereza Cristina em entrevista coletiva na última sexta-feira em Brasília.

No primeiro trimestre de 2019, as vendas de soja do Brasil para China (US$ 4.75 bilhões) corresponderam a 9% do valor arrecadado com o total de exportações (US$ 52,6 bilhões). No período, de cada US$ 100,00 que o país recebeu com a venda do produto em todo o mundo, US$ 77,48 vieram da China.

Peste suína

Além do armistício comercial entre americanos e chineses, o Brasil pode ser afetado com a chamada peste suína africana, um vírus que tem dizimado o rebanho de porcos da China, principal consumidora de carne suína do mundo. A morte dos porcos, alimentado com soja e milho, pode diminuir a procura pelos produtos brasileiros.

A redução do rebanho, por outro lado, tende a aumentar o preço da carne suína no mercado internacional e criar demanda para frigoríficos e fabricantes brasileiros. “É um mercado que se abre”, prevê a ministra.

“O Brasil todo pode se beneficiar. O que nós temos de fazer é ir lá e garantir a qualidade de nossos produtos. Depois, tem toda a relação comercial que não é o Ministério da Agricultura. Ai vai ser entre os privados, as empresas brasileiras e os exportadores chineses”, disse Tereza Cristina.

Ela tem como expectativa de viagem conversar com autoridades sanitárias da China sobre a habilitação de novos frigoríficos e fabricantes para exportação de carne suína, bovina, asinina (de burro) e de aves. Segundo o ministério, o Brasil tem 79 plantas de fornecedores com perspectiva de serem habilitadas para exportar à China.

Outra possibilidade da viagem é estimular empresários chineses e japoneses quanto à possibilidade de investimento em obras de infraestrutura e logística para o escoamento da produção agropecuária no Brasil. “Somos competitivos da porteira para dentro”, afirmou Tereza Cristina, que não vai levar nenhum projeto específico aos países orientais.

 

Canal Rural/Agência Brasil

 

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