Os números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) neste início de janeiro confirmaram o que toda a cadeia produtiva brasileira do arroz já sabia: a Balança Comercial do grão terminou com 2017 em déficit. De janeiro a dezembro de 2017, o ano civil, o Brasil importou 1.141 milhão de toneladas, enquanto exportou apenas 870.268 toneladas em base casca. O déficit foi de 271.200 toneladas, segundo os números oficiais.
Foi o pior desempenho das vendas externas brasileiras em cinco anos. Ao mesmo tempo, os últimos 12 meses registraram a maior concentração de compras do Brasil nestes mesmos cinco anos. Os indicadores poderiam ser piores, não fosse o desempenho superavitário de dezembro, quando a cadeia produtiva brasileira embarcou 65.600 toneladas e importou 49.500 toneladas em base casca. A baixa oferta do Paraguai e os preços praticados pelos demais mercados restringiram os ingressos do grão no mercado doméstico, e as baixas cotações praticadas internamente permitiram que os contratos fechados ao longo de outubro e novembro se consolidassem.
Senegal (166.657 toneladas), Serra Leoa (115.931 toneladas), Peru (113.895 toneladas), Gâmbia (96.014 toneladas) e Nicarágua (76.216 toneladas) são os cinco maiores importadores do Brasil, de uma lista de 61 países que importaram o arroz nacional. Em contrapartida, indústrias, atacado e varejo brasileiro importaram o grão de 20 países. O Paraguai é o nosso principal fornecedor, com 638.200 toneladas exportadas no ano. O volume, segundo estatísticas daquele país, aproxima-se de 70% da sua produção. As vendas se concentram em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Paraná, mas há negócios reportados por outras unidades federativas, casos de Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará, por exemplo.
O Uruguai segue sendo o segundo maior fornecedor de arroz para o Brasil, com 303.100 toneladas, seguido de longe pela Argentina com metade desse volume, ou 151.200 toneladas. As vendas do Paraguai equivalem a mais de seis vezes os envios argentinos para o Brasil e mais do que o dobro do Uruguai. Com quase 20.000 toneladas, cada um, Suriname e Guiana consolidaram-se entre os cinco grandes fornecedores de arroz para o Norte do país.
Os demais exportadores concentram a venda de tipos especiais de arrozes, como coloridos, aromáticos, para culinárias étnicas e/ou alta gastronomia. Dentre estes, merece registro o arbóreo italiano, e outras variedades do país europeu, que bateram na casa de 7.300 toneladas enviadas ao território brasileiro em 2017.
Em geral, a Balança Comercial brasileira foi determinada pela alta competitividade do MERCOSUL, em especial do Paraguai, que conseguiu operar com altos volumes de vendas de arroz abaixo da média de US$ 11,00 por saca (equivalência), valor que não cobre os custos de produção da lavoura brasileira. Embora a Conab projete balança comercial equilibrada para 2018, e tenha tirado da cartola um salto de 500.000 toneladas no ano que começa, não é essa a perspectiva do setor.
A conjuntura indica novo déficit na balança comercial.
Exportações
ANO | Mil/t |
2013 | 1.209.546 |
2014 | 1.242.655 |
2015 | 1.308.622 |
2016 | 935.085 |
2017 | 870.268 |
Importações
ANO | Mil/t |
2013 | 965.500 |
2014 | 847.918 |
2015 | 509.900 |
2016 | 1.044.090 |
2017 | 1.141.494 |
Fonte: Secex/Mdic
Planeta Arroz