Debate: soja brasileira é a mais sustentável do mundo, mas é preciso comunicar essa informação

O ataque contra o agronegócio brasileiro tem sido cada vez maior, ainda mais quando o assunto é meio ambiente e sustentabilidade. Mas será que a produção brasileira de soja é uma vilã?

Durante debate online organizado pelo Projeto Soja Brasil e a Aprosoja Brasil, que contou com especialistas sobre o tema, a resposta foi categórica: a soja brasileira já é a mais sustentável do mundo. Entretanto, eles acreditam que ainda falta uma comunicação mais eficiente para responder às críticas, já que dados provam isso.

O primeiro a falar foi o chefe de Assuntos Socioambientais do Ministério da Agricultura, João Francisco Adrien. Ele ressaltou que o País possui três pilares fundamentais, que são prioridade do governo: o tecnológico, o territorial e o social.

“O primeiro é o modelo tecnológico. Sabemos que o Brasil tem um modelo único de agricultura tropical. Ao passo que se torna mais intensivo, se torna também mais eficiente e mais sustentável”, disse Adrien.

“Nossa agricultura com plantio direto, integração lavoura-pecuária, duas safras por hectare e etc., talvez seja uma das únicas no mundo que consegue reter carbono no solo, manter a matéria orgânica e conservar o solo contra erosões”.

Estratégias

Presente ao debate, o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, confirmou que a soja brasileira hoje já é uma das mais sustentáveis do mundo.

“A Embrapa Soja tem trabalhado há 40 anos com estratégias de produção sustentável e apoiando os produtores na adoção destas estratégias. Um exemplo é o plantio direto, que já está presente em 70% da área brasileira. Esse manejo reduz, em média, 40 litros de diesel por hectare ao ano”, disse.

“Se pegarmos os 37 milhões de hectares semeados com soja no ano passado, isso representaria 1.3 bilhões de litros de diesel economizado. Quando se transforma isso em carbono equivalente, isso representa uma quantidade de 4 milhões de Co2 equivalente que não foi para atmosfera”.

Questão territorial

O segundo pilar fundamental apontado por Adrien durante o debate está relacionado à questão territorial, que contribui para a conservação do meio ambiente e para a produção agropecuária. Segundo ele, com o Código Florestal, o Brasil tem, de fato, uma das legislações mais abrangentes e rígidas do mundo.

“Temos no cadastro rural um grande raio X da realidade brasileira, com capacidade para rastreabilidade e transparência”, afirmou Adrien.

Outro ponto importante abordado nesse contexto foi o da regularização fundiária. “Precisamos dar o título definitivo para que o produtor formalize sua atividade. Isso também irá ajudar no combate ao desmatamento ilegal. Sem essa regularização não será possível harmonizar a convivência entre a agricultura e o meio ambiente”, enfatizou o representante do Ministério da Agricultura.

Para o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, a regularização fundiária vai trazer ao produtor uma nova perspectiva.

“Na região Norte, por exemplo, há muitos produtores sem isso. E eles já estão lá há pelo menos 30 anos. Estamos trabalhando dentro do congresso para priorizar isso, para que as pessoas possam ter uma melhoria de vida e acesso ao crédito para investir em modernização. Lembrando que 99% dos produtores de soja do País já possuem cadastro ambiental (CAR)”, disse Braz.

Aspecto social

O terceiro e último pilar prioritário para o governo é a questão social. “Não podemos esquecer da grande quantidade de produtores com dificuldade de se inserir na cadeia produtiva de valor, com tecnologia sustentável, modernização. Esses produtores não têm renda suficiente para se modernizar e isso gera uma exclusão social”, destacou o chefe de Assuntos Socioambientais do Ministério da Agricultura.

Ataques ao Brasil

Outro especialista sobre o tema, que participou do debate, foi o coordenador da Comissão de Meio Ambiente da CNA, Rodrigo Justus. Ele aproveitou para lembrar dos ataques injustos que a agricultura brasileira sofre em relação à preservação do meio ambiente.

“Vemos diariamente críticas dirigidas ao Brasil, vindas de países europeus, principalmente. Mas, na verdade, isso tudo é um plano de fundo para uma discussão econômica. O agricultor europeu recebe subsídios para produzir. São quase 50 bilhões de euros por ano. Ele não quer os produtos brasileiros por lá, porque não consegue competir”, disse.

Justus aproveitou para lembrar que os europeus cobram o Brasil por atitudes e rigorosidade que eles não adotam por lá. “A Europa foi ambiciosa no sentido de colocar normas ambientais, mas faltou realismo, tanto que os agricultores da Alemanha e França fecham quase sempre ruas para protestar contra regras relacionadas à poluição de água”, disse.

“(Os produtores) usam muito nitrogenados e acabam poluindo as águas subterrâneas, elevando os custos para tratamento da água para consumo humano”. Segundo o especialista, no Brasil não há esse problema, pois a soja é fixadora de nitrogênio, por meio dos inoculadores.

“Isso diminui o uso de nitrogênio. Entre outros exemplos para mostrar que somos bem mais rígidos do que eles, temos as reservas legais, que eles não têm, a distância das lavouras para os rios, que aqui vai de 30 a 500 metros, e lá são apenas cinco metros”, afirmou Justus.

Preservadores

Por sua vez, Bartolomeu Braz reiterou que os produtores brasileiros são os que mais preservam o meio ambiente no mundo. “Os produtores rurais são os grandes preservadores do meio ambiente. E não existe nenhum outro produtor no mundo que preserva tanto quanto o Brasil”, disse.

“(Mas) temos a dificuldade de transmitir essas informações e mostrar aos nossos consumidores, principalmente os europeus, que tem cobrado bastante. Na Europa, aliás, a agricultura é totalmente subsidiada, já que existem tantas exigências que não é mais possível produzir nada por lá sem ajuda do governo”.

Comunicação é o futuro soja

Foi consenso entre todos os especialistas que a comunicação sobre tudo que o Brasil já faz em relação a sustentabilidade deveria ser melhorada, até para evitar que as fake news ganhem força.

“Não podemos deixar as indústrias e outras empresas serem manipuladas por ONGs e virem aqui cobrar algo que o Brasil já faz muito bem, que é a preservação”, enfatizou Braz.

“Temos a soja mais sustentável do mundo, com o maior teor de proteína e de óleo. O produtor se sente muito discriminado pois já tenta fazer tudo dentro da lei, inclusive destinando parte da propriedade para reserva legal e ainda é obrigado a ouvir que é um desmatador”.

Segundo Rodrigo Justus, entidades ligadas ao agronegócio já se uniram para iniciarem um trabalho de comunicação mais eficiente.

“O Brasil sofre uma campanha de difamação internacional, com a ajuda de brasileiros, que distribuem fake news sobre o tema, como o fim da Amazônia em detrimento a soja. Todas as entidades ligadas ao agro já iniciaram o reforço dos trabalhos de melhoria da comunicação para que a verdade prevaleça e o Brasil não seja punido por fazer o certo”.

Para o chefe-geral da Embrapa Soja, é preciso mostrar que a oleaginosa brasileira já é a mais sustentável e combater as inverdades sobre o setor com dados técnicos.

“Acredito que precisamos começar a mostrar essa sustentabilidade com números, pois as cobranças tendem a aumentar. Estamos conversando com pesquisadores e parceiros para organizarmos todas essas informações obtidas em anos de pesquisa e juntá-las, para mostrar, com base na ciência, que somos sustentáveis”, disse Nepomuceno.

Assista, a seguir, ao debate na integra.

 

Fonte: Canal Rural

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp