Altos custos de transporte para levar o milho dos pontos de estoque até algumas regiões de produção de carne suína, de frango e bovina têm inviabilizado a venda de alguns lotes ofertados nos leilões realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste ano, disse o diretor executivo da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Nilo de Sá, à CarneTec.
O governo federal autorizou em janeiro a venda de 500.000 toneladas de milho via leilões da Conab para atender à demanda do setor de proteína animal, que reclama de preços altos e forte redução da oferta do produto em algumas praças. O aumento das exportações do milho brasileiro em janeiro elevou os preços do produto no mercado interno e, consequentemente, os custos com alimentação de animais.
A Conab já realizou três rodadas de leilões de milho voltados para o setor de proteína animal neste ano, com oferta total de 448.000 toneladas. Desse total, apenas 240.500 toneladas foram arrematadas. “O maior problema é que o milho está disponível em regiões onde a demanda é menor, onde a escassez é menor e, principalmente, há algumas regiões que têm problema logístico. Por exemplo, Ipiranga do Norte (MT)”, disse Sá em entrevista recente.
Na última rodada de leilões, realizada em 23 de fevereiro, ofertas de estoques de milho localizados em Ipiranga do Norte (MT) não foram arrematadas.
Produtores com maior demanda por milho estão no Sudeste e Sul do País, principalmente em Santa Catarina, um dos maiores produtores e exportadores de suínos e frangos do Brasil.
Sá avalia que não apenas a distância entre os estoques de milho e os produtores encarece a compra, mas também as condições ruins das estradas, o que eleva os custos com o transporte do produto.
“Sendo leiloado a um preço de mercado, é um preço de difícil retirada”, disse ele. Como alternativa para aumentar a disponibilidade do produto, a ABCS defende o aumento do limite de compra do milho balcão de 6.000 quilos para 30.000 quilos por produtor por mês, o que já foi proposto ao governo federal.
Segundo ele, os produtores de suínos atualmente estão registrando margens negativas e os frigoríficos também sofrem, já que a maior parte da produção de suínos brasileira é integrada.
Fonte: CarneTec