Se os preços da soja na bolsa de Chicago não têm animado os produtores, os custos menores esperados para a safra 2017/18 devem ser um alento. O gasto com defensivos químicos é um dos que mais devem cair na safra que começará a ser plantada em setembro, uma vez que a indústria terá de reduzir preços para diminuir estoques no canal de distribuição, que iniciaram o ano estimados em cerca de US$ 1.4 bilhão, segundo a consultoria Allier Brasil.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os custos totais para a produção da soja transgênica em Mato Grosso, principal produtor nacional, devem cair 12,7% em relação à safra 2016/17, para R$ 3.216,23 por hectare.
O dólar mais baixo este ano em comparação com 2016 também contribuirá para a queda do custo dos insumos importados. Segundo o Imea, o montante gasto no custeio da lavoura (insumos, operação de máquinas e mão de obra) deve cair 14,7%.
Os gastos com defensivos devem recuar 16,6%, conforme estimativa do Imea. A retração mais expressiva deve ocorrer em herbicidas, e a expectativa é de queda de 17,9%. Os custos com fungicidas devem recuar 11,7%.
Segundo a LSP Consultoria, 45% do volume de defensivos vendidos no ano passado pelas indústrias no mercado doméstico não chegou ao campo. A consultoria Céleres avalia que a média de custos com insumos químicos para o ciclo 2017/18 deve ter queda de 9,7% no país.
Também deverá haver redução nos gastos com fertilizantes. A Céleres estima retração de 5,8% no valor despendido em nível nacional. O Imea, por sua vez, estima custo 18,9% menor com fertilizantes nas lavouras de Mato Grosso.
Segundo Marcelo Mello, consultor especializado em fertilizantes da INTL FCStone, o custo da tonelada de produtos do complexo de fosfatado está 3% inferior, em dólar, na comparação com agosto de 2016.
O natural seria haver uma valorização dos fosfatados no mundo, em decorrência da maior demanda para o plantio da safra de soja no Brasil. “Não acredito que os aumentos ocorrerão alinhados com a média histórica, porque há muito estoque de adubo”, disse Mello.
O volume de estoques de fertilizantes nos portos, misturadoras e distribuidores estava em oito milhões de toneladas em junho, 25% acima do mesmo período do ano passado, de acordo com o consultor.
A relação de troca de uma tonelada de MAP (matéria-prima de fosfatado) está, segundo Mello, em 15 sacas de soja (considerando o valor em Paranaguá). A média dos últimos cinco anos ficou em 17,2 sacas por tonelada.
Para as sementes, a Céleres projeta elevação de 4,1% nos custos. Segundo Enilson Nogueira, analista da consultoria, o aumento decorre da elevação de produtividade do último ciclo, o que sustentará a demanda. Porém, em Mato Grosso, o Imea ainda vê redução de 7,2% no custo com o insumo.
Nogueira avalia que cerca de 40% dos insumos para a safra 2017/18 ainda não foram negociados. Esse “atraso” das compras pelo agricultor também deve beneficiar o produtor na negociação.
Com custos menores, o plantio de soja deve ser estimulado na safra 2017/18. Segundo a primeira projeção da Céleres para o ciclo, a expectativa é de que haja aumento de 1,9% da área plantada no Brasil, para 34.5 milhões de hectares.
Fonte: Valor Econômico