* Por: Paulo do Carmo Martins e Samuel José de Magalhães Oliveira, pesquisadores em economia da Embrapa Gado de Leite, e Manuela Sampaio Lana e Alziro Vasconcelos Carneiro, analistas em economia da Embrapa Gado de Leite
O mês de julho registrou um aumento nos custos da produção de leite, medido pelo ICPLeite/Embrapa, de 0,90%. Nos três últimos meses (maio a julho), ocorreu uma elevação contínua em todos os meses, acumulando 3,40% e evidenciando uma tendência altista de preços de insumos. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, contudo, ainda há deflação de custos, de 1,60%. Mas, nos últimos doze meses, o custo de produção de leite aumentou 2%.
Alta generalizada de elevação de preços
Em julho os preços de insumos aumentaram de modo generalizado, demonstrando que o fenômeno de inflação de custos sinaliza uma tendência para o setor. O grupo Energia e Combustível liderou os aumentos, impulsionado pela gasolina e pela mudança da energia para a bandeira amarela, seguido pelo grupo Volumosos, com alta de preços dos adubos.
Este fenômeno ocorreu nos últimos quatro meses e reflete a valorização do dólar, já que os adubos são majoritariamente importados. Os grupos Concentrado, Minerais e Sanidade e reprodução também apresentaram elevação, embora de intensidades menores.
O custo da Mão de Obra permaneceu inalterado e o custo Qualidade do Leite registrou uma leve queda de 0,30%. Os dados constam do Gráfico 1.
O ano de 2024 tem registrado volatilidade nos preços de insumos, com variações positivas e negativas nos meses do ano. O grupo Concentrado registrou forte queda de preços no início do ano e em meses subsequentes, principalmente devido à queda de preços de milho, soja e algodão, dentre outros. O acumulado de sete meses foi de 11,10%, o que foi decisivo para uma deflação para o acumulado do ano, que foi de 1,60%. Além da intensidade da queda, o elevado peso desse grupo no cálculo do ICPleite/Embrapa foi decisivo. Minerais e Qualidade do Leite foram grupos que também registraram deflação, ainda que restrita.
Em sentido contrário outros quatro grupos de custos, que compõem o ICPLeite/Embrapa, registraram inflação. Energia e Combustível acumulou 10% no ano, seguido por Mão de Obra, com 5,70%. O grupo Volumosos e Sanidade e reprodução registraram variações de 4,9% e 4,6%, respectivamente. Os dados constam do Gráfico 2.
No acumulado de doze meses, a variação dos custos de produção foi de 2%, com quatro grupos apresentando aumento significativo de custos. O de maior intensidade foi o grupo Energia e Combustível, com 11% de variação acumulada, enquanto que os de maior impacto, pelos seus pesos relativos, foram os grupos Volumosos e Mão de Obra, com 6,90% e 5,70% de variação no período, respectivamente. O grupo Sanidade e Reprodução acumulou um aumento de 3,90%. Já o grupo Concentrado apresentou deflação de 2,60%, segundo o Gráfico 3.
O Gráfico 4 mostra a variação mensal do ICPLeite/Embrapa. De julho a outubro de 2023 os custos se mantiveram estáveis. A partir daí, ocorreu uma forte elevação até janeiro de 2024, quando os preços caíram de maneira intensa, até abril, iniciando um novo período de crescimento.