O cultivo de grão-de-bico vem ganhando força no País e mostrando sua versatilidade de produção, adequando-se bem a diferentes climas e solos. Os números confirmam o interesse dos agricultores: de acordo com dados da Embrapa Hortaliças, a área plantada da leguminosa no Brasil saltará de 860 hectares no ano passado para 12 mil hectares até o final de 2018. Esta expansão equivale a um crescimento de quase 1.400%.
A adaptação da leguminosa foi bem-sucedida nas mais diversas regiões do País, com cultivos distribuídos pelo Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. “Aqui no Brasil trabalhamos com dois tipos de cultivos: irrigado e não-irrigado. No primeiro caso, comum no MT, o custo de produção é menor e a produtividade fica em torno de 1.500 a 2.500 quilos/hectare. Já no sistema irrigado_ aplicado principalmente em GO, MG e BA_, os custos de produção são maiores, mas consegue-se atingir de 2.500 a 3.000 quilos/hectare”, conta o chefe-geral da Embrapa Hortaliças Warley Nascimento.
Ele explica que o grão-de-bico cultivado no Brasil é o do tipo Kabuli, enquanto que o mais consumido em países asiáticos, como a Índia, é o do tipo Desi. “Mas já estamos, em parceria com uma empresa indiana, trabalhando em testes de adaptação de sementes de Desi aqui no Brasil”, adianta ele.
O cultivo deste tipo da leguminosa abriria mais portas comerciais para os produtores brasileiros. Para se ter uma ideia, 85% do grão-de-bico consumido na Índia é do tipo Desi.
Mercados
No mercado externo, países asiáticos, árabes e até europeus demandam cada vez mais por leguminosas de grãos como lentilha, ervilha e grão-de-bico – conhecidas como pulses. A Índia é o maior produtor, consumidor e exportador do mundo. Em 2017, eles importaram 6 milhões de toneladas de pulses para suprir a demanda interna de 25 milhões de toneladas. A expectativa é que até 2030 essa necessidade chegue a 40 milhões.
“Como a produtividade na Índia é baixa, principalmente com o grão-de-bico, eles vão depender das importações, o que cria oportunidade para o Brasil”, ressalta Nascimento.
O mercado interno também é favorável. Até o ano passado, o Brasil importou uma média anual de 8 mil de toneladas de grão-de-bico para atender o mercado nacional, cujo consumo anual não passa de 40 gramas/ano por habitantes. A vantagem brasileira é que existem segmentos da população formados por vegetarianos, celíacos e adeptos da alimentação saudável que podem contribuir para alavancar o mercado de pulses.
Nascimento diz que o desafio da pesquisa e de todos os envolvidos na cadeia produtiva é tornar o preço do grão-de-bico acessível aos consumidores, sendo o aumento da produção uma das alternativas.
Equipe SNA/Rio