Durante recente conferência em San Diego, criadores de sementes explicaram pesquisas usando técnicas de edição genética para fazer o arroz menos suscetível a patógenos com a bactéria Xanthomonas oryzae sem introduzir genes de outros organismos.
Desde que os humanos plantam seus próprios alimentos e vem cultivando espécies com os traços que preferem, a criação é obtida por meio de uma variedade de técnicas, entre elas, a mutagênese direta, a transferência de germoplasma e combinações transgênicas. Essas técnicas permitiram os cultivos modernos resistentes a herbicidas. Mas agora a técnica CRISPR de edição de genes oferece o potencial de mudar radicalmente a criação de plantas.
A tecnologia CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) nada mais é do que sequências de DNA, que ocorrem naturalmente e que serão usadas por bactérias para combater doenças. Além disso, devido a seu potencial, estão sob exame para a elaboração de novos traços de plantas. Mas, como qualquer tecnologia, possui deficiências que podem bloquear seu uso comercial.
A indústria de alimentos deve se aproveitar dos benefícios da tecnologia CRISPR para evitar críticas da opinião pública, que demonstra resistência em aceitar os transgênicos ou aplicações geneticamente modificadas a plantas, cultivos e alimentos.
Para este fim, membros da cadeia da indústria de alimentos, como Monsanto, Syngenta e Bayer criaram a Coalizão por Edição Responsável na Agricultura. Essa organização pretende promover um diálogo maior com os consumidores para discutir questões relacionadas a alimentos e trabalhar o aspecto de confiança entre consumidores e produtores.
“Se as pessoas confiam em você, a ciência não interessa. Se as pessoas não confiam, a ciência sim interessa”, disse Charlie Arnot, CEO do Centro pela Integridade dos Alimentos e líder da coalizão, à Harvest Public Media.
Quanto à regulação, o USDA não tem participação nos produtos que foram alterados pela tecnologia CRISPR. A agência afirmou que não regularia produtos com tecnologia CRISPR porque não há nenhum material genético estranho nos alimentos. A Administração de Drogas e Alimentos (FDA), por outro lado, disse que continuará em processo de observação para determinar se o produto final é seguro.
Alguns grupos que se opuseram aos transgênicos também manifestaram cautela sobre o CRISPR. Doug Gurian-Sherman, diretor de agricultura sustentável do Centro para Segurança Alimentar, alertou que “essa nova tecnologia precisa ser regulada enquanto se conhece mais sobre o assunto”.
Enquanto nenhum produto for lançado e nem for pedida aprovação para comercialização, muitos experimentos continuam em marcha.
O mercado para ferramentas e produtos de pesquisa CRISPR continua crescendo, mas cientistas estão ainda cautelosos sobre seus efeitos. A técnica pode fazer cortes precisos em partes erradas do genoma, o suficiente para impedir sua habilidade de produzir terapêutica.
Na biologia vegetal, por outro lado, esses efeitos poderiam ser menos problemáticos. Como em alguns estudos, os genomas de plantas podem ter genes redundantes, além de genes que podem apagar uma maneira de produção de um traço particular.
Olhando para a tecnologia em genes múltiplos, aumenta-se o risco, mas os pesquisadores encontraram poucas ocorrências ou nenhuma em plantas. “Isso é possível porque as plantas usam uma recombinação não-heterogênea, o que não requer emparelhar estruturas de DNA idênticas, comparando-se a animais que voltam a quebrar o DNA com recombinação homóloga”, disse Cara Soyars, estudante da Universidade da Carolina do Norte.
A pesquisa com CRISPR é bastante recente. A proliferação dessa tecnologia dependerá da ciência, mas também da aceitação do público e das agências reguladoras.
Fonte: Agrolink