Crise hídrica em SP afeta empregos no setor de hortifruti

A falta de água dos últimos meses gera desemprego na produção de hortifruti do Estado de São Paulo. O presidente da Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrútis do Estado de São Paulo (Aphortesp), Ricardo Lopes, afirma que a associação é responsável por gerar 6.000 empregos e que esse número está sendo afetado pela crise. “A seca já causou demissões para 4 entre os 12 associados da Aphortesp, que contam com 630 produtores parceiros. As demissões afetaram cerca de 48% do quadro total de empregos diretos e indiretos”, conta Lopes. Renato Abdo, agrônomo eu que gerencia o Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, diz que com a incerteza sobre disponibilidade de água a tendência é de que os agricultores diminuam a área plantada, o que também acarreta em demissões. “É um efeito dominó”, afirma.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) em março do ano passado, a agricultura gerou mais 1.350 novos postos de trabalho no Estado. O ramo dedicado à produção de hortaliças é o que mais se destaca. Enquanto na cana-de-açúcar se gera de 0,5 a 1,0 empregos por hectares, por exemplo, o cultivo de hortaliças é responsável por empregar de três a seis pessoas.

Além de diminuir o quadro dos trabalhadores, a seca prejudica a produção. “Hoje a maior dificuldade no hortifruti é a questão da crise hídrica. Ela teve impacto na produtividade de folhosas no estado de São Paulo, 50% dos associados da Aphortesp tiveram em média 30% em quebra de produção e 33% em redução de área plantada devido à falta de água”, informou o presidente da Aphortesp Ricardo Lopes.

O plantio de hortaliças está entre os principais produtos cultivados pela agricultura paulista. Só a região do Cinturão Verde, que abrange cerca de 70 municípios, é responsável por fornecer 90% das verduras e 40% dos legumes consumidos na capital, de acordo com dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp). Entre as principais culturas do setor está a produção de alface. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em 2010 foram produzidos quase 6 milhões de pés de alface no Estado e em 2013 esse número chegou a 14 milhões.

Para Ricardo Lopes, há pouco incentivo para que pequenos produtores invistam em tecnologia do campo, o que auxiliaria na economia hídrica e melhora na produção. Lopes afirma ser urgente a abertura de um diálogo entre o sistema produtivo rural e o governo. “As principais formas de apoio buscadas pela Aphortesp são a ampliação das linhas de crédito para o produtor rural, o subsídio de outorgas e perfurações de poços artesianos, redução da carga tributária sobre acessórios de irrigação e implementos agrícolas”, disse.

Lopes também afirma que a Aphortesp investe na conscientização dos associados a fim de que eles economizem água. “Muitos já adotaram boas práticas para o uso da água na produção das lavouras, como, por exemplo, a capacitação dos produtores para manejo de irrigação, melhoria nos sistemas de tubulação e bicos irrigadores ou em muitos casos a substituição de sistema de aspersão para sistemas por gotejamento ou micro aspersão, que reduzem em média 30% o consumo de água.”

 

Fonte: Globo Rural

 

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