Cooperativas agroindustriais de Santa Catarina estão ameaçadas pela falta de um de seus insumos fundamentais: o milho, que compõe 70% da ração dos mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos produzidos anualmente no estado. Com suas atividades comprometidas, as empresas têm alterado a rotina de trabalho como estratégia de mercado e também para evitar demissões.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos Aurora, por exemplo, vai eliminar um dos turnos de abate de frango a partir de 4 de julho. Dessa forma, irá reduzir a quantidade de carne no mercado.
“O preço está de arrasto, muito barato; um quilo de coxa e de sobrecoxa de frango está quase o preço de um litro d’água”, compara o presidente da Aurora, Mário Lanznaster.
Ele acredita que, com a menor oferta de frango – inclusive em virtude do fechamento de algumas empresas –, o preço do produto pode aumentar, dando fôlego para o setor. “A agroindústria não vai aguentar mais muito tempo do jeito que está hoje”, disse o presidente da Aurora.
Lanznaster afirma que o Brasil exportou milho demais, sem se preocupar com o estoque regulador. Além disso, lembra, a segunda safra do cereal atrasou em consequência do clima e as empresas que tiveram que ir atrás do grão. A Aurora ampliou a importação para suprir a demanda diária, que é de 90.000 sacas de 60 kg.
Já as agroindústrias associadas à Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro) se encontram em situação mais confortável. O abastecimento de milho não foi comprometido, pois elas estocaram grão antes de a crise começar. Mas o preço da saca atua de forma negativa.
De acordo com o presidente da entidade, Cláudio Post, os animais das 11 empresas associadas à Fecoagro não têm passado fome, embora o milho não seja abundante. “Nosso prejuízo é quanto ao lado financeiro, porque nós não estamos conseguindo repassar o custo que essa elevação do preço do milho tem provocado no mercado”, afirma.
Para diminuir os efeitos da crise, Post conta que foram feitos contratos futuros de compra de milho e será feito o financiamento da produção. “Nós vamos fornecer todos os insumos para que o produtor consiga plantar milho com preço garantido para a próxima safra”, disse o dirigente.
Fonte: Canal Rural