Crise brasileira atrai investimentos da China e agro é um dos setores mais visados

Vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco afirma que o Brasil é a segunda opção de investimentos dos chineses na área de infraestrutura. Foto: Arquivo SNA

O Brasil em tempos de crise tornou-se uma grande oportunidade para os chineses ampliarem seus investimentos no país. A informação é da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China. Segundo o órgão, os chineses pretendem investir, até o final do ano, mais US$ 20 bilhões na compra de ativos, volume 68% superior ao de 2016.

“Devido a essa crescente política de expansão, podemos dizer que o Brasil já está incluído na segunda opção global de investimentos chineses na área de infraestrutura, perdendo apenas para os Estados Unidos”, reconhece o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco.

Segundo ele, algumas empresas, principalmente as dos setores de energia, transporte e agronegócio, como a Shangai Eletric, a Guodian, a Huaneng e a China Southern Power Grid, pretendem ingressar em breve no Brasil. Enquanto isso, outras companhias ampliam seus negócios em território brasileiro.

 

COMPRAS

O grupo chinês DKBA, por exemplo, comprou mais da metade das ações da empresa bilionária Belagrícola, de Londrina (PR) e adquiriu a Fiagril, de Lucas do Rio Verde (MT). A State Grid liderou os investimentos no ano passado, com a aquisição da CPFL Energia; a China Three Gorges arrematou hidrelétricas que pertenciam à Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e comprou ativos da Duke Energy, e a China Communications Construction Company adquiriu a construtora Concremat.

Recentemente, o grupo Jianggsu Zhengchang anunciou sua intenção de instalar duas indústrias em Palmas, no Tocantins. Um dos empreendimentos está voltado para a fabricação de ração e o outro para a obtenção da biomassa, que consiste na geração de energia por meio da decomposição de resíduos orgânicos. A previsão é de que essas indústrias promovam a abertura de 600 empregos diretos.

 

MERCADO DE SOJA

No setor de grãos, o vice-presidente da SNA acredita que “a China vai continuar a ser a principal importadora da soja brasileira”. Ele destaca que, nos cinco primeiros meses deste ano, os chineses importaram um recorde de 37.1 milhões de toneladas de soja – 20% mais do que em igual período de 2016.

Nesse mesmo período, o Brasil exportou 28.3 milhões de toneladas da oleaginosa para o país asiático. “Ou seja, 76% do produto comprado pelos chineses saíram do país”, calcula Sirimarco.

“Até agora, o principal foco dos chineses é o Brasil. Isso porque os Estados Unidos terminaram o plantio da safra 2017/18 e a Argentina está finalizando sua colheita. As exportações totais de soja do Brasil somaram 34.8 milhões de toneladas de janeiro a maio, 13% mais do que em 2016. Nesse mesmo período, as receitas provenientes da soja em grão totalizaram US$ 13.3 bilhões. Pelo menos 86% desse valor vieram da China”, destaca o vice-presidente da SNA.

De acordo com ele, as exportações de soja em grãos do Brasil deverão somar neste ano 61.7 milhões de toneladas, contra 60.3 milhões de toneladas na estimativa anterior.

 

EXPORTAÇÃO DE CARNES

No setor de carnes, as expectativas em relação à China também são animadoras. Segundo recente análise do Rabobank, os exportadores brasileiros de carnes deverão continuar a aumentar sua fatia de participação no mercado chinês até 2020, principalmente nas vendas de carne bovina.

Em relação ao segmento de aves, o Brasil deverá enfrentar o crescimento da concorrência dos EUA no mercado chinês, diante da diminuição dos casos de gripe aviária em território norte-americano. Ainda de acordo com o Rabobank, o Brasil também deverá manter o aumento das exportações de carne suína para a China, que são impulsionadas, em grande parte, pelo baixo custo de produção da carne brasileira.

 

Por equipe SNA/RJ

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