Preocupada com as dificuldades que produtores de algodão enfrentam para quitar suas dívidas em dólar, a Abrapa, associação que representa o segmento, resolveu chamar bancos e empresas de insumos para conversar. A ideia é melhorar o clima das renegociações já em curso entre devedores e credores. João Carlos Jacobsen, presidente da entidade, afirma que a maior resistência está sendo observada nas empresas de insumos que entraram mais recentemente no mercado brasileiro.
“Essas companhias não abrem brecha para negociação. Estão inserindo o CPF do produtor no Serasa e partindo para a execução judicial”. Jacobsen estima que metade do endividamento dos cotonicultores brasileiros é com instituições financeiras e a outra metade, com empresas de insumos. Ele ressalta que os grupos tradicionais de agroquímicos estão sendo “grandes parceiros neste momento”. Nas próximas safras, segundo ele, as “novatas” no País, que hoje estão fechando as portas para negociar, poderão perder mercado.
Com custo de plantio três vezes superior ao da soja e necessidade de mais investimentos, os produtores de algodão precisam captar recursos fora do crédito rural convencional para se financiar, afirma Jacobsen. “E, como os juros estavam mais altos em real que em dólar, a opção lá atrás foi captar na moeda estrangeira. Não se imaginava que o País ia entrar nessa crise, levando o câmbio a esse patamar. Aqui fica novamente a lição de que é preciso fazer hedge”.
Fonte: Valor Econômico