Diante dos aumentos na oferta e redução de preço nas commodities agrícolas nesta safra, tanto no mercado doméstico quanto internacional, o cooperativismo será essencial para a agregação de valor aos produtos e auxílio aos pequenos produtores.
A avaliação é do ex-ministro da Agricultura e presidente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) Agronegócios, Roberto Rodrigues, em entrevista exclusiva ao DCI na última semana.
“As cooperativas possibilitam aumento de escala e possibilitam a aquisição de insumos mais baratos, reduzindo custo”, disse. Para ele, os valores dos insumos continuarão subindo, mesmo com os preços menores das commodities agrícolas.
Outra vantagem do sistema cooperativo é a de alavancar o crédito para pequenos e médios produtores, uma vez que em período de margens baixas, os bancos reduzem a oferta de crédito.
Na opinião de Rodrigues, as cooperativas têm ainda condições de negociar os produtos de forma mais vantajosa, além de estimular a agregação de valores. Até mesmo quando o milho e a soja é utilizada como alimento de aves, oferece vantagem para o produtor. “Desta forma exportamos frango e não grãos”, analisa.
Prognóstico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para o período de 2014/2015, indica tendência de recuo nos valores da soja – principal commodity exportada pelo País – uma vez que o estoque mundial do grão é o maior dos últimos dez anos. Além disso, Estados Unidos, Brasil e Argentina registraram safras maiores do que o esperado. “O cenário do ano que vem é de redução nas margens e estamos falando de tudo, soja, milho, algodão, laranja, açúcar, café, salva a exceção das carnes, que têm um horizonte mais animador”, afirma Rodrigues, que também é coordenador da GV Agro.
Um mecanismo comum na agricultura é a migração para o produto que oferecer melhor rentabilidade naquele momento. Quando os preços estão altos, grande parte dos produtores opta por determinada cultura em detrimento das outras. A oferta cresce, a demanda se mantém e na safra seguinte os valores caem.
Gargalos
O sócio diretor da Agroconsult, André Pessoa, acredita que não haverá recuperação nos preços agrícolas nesta safra. “O que me preocupa é que este não é um episódio isolado para 2015”, afirma. “Estamos entrando em uma fase de preços internacionais em baixa que pode seguir pelos próximos dois ou três anos com margens deprimidas”, enfatiza.
No caso do setor cafeeiro, as perspectivas foram pressionadas por outro problema: o clima. O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, conta que cerca de 20% da produção da última safra teve quebra por conta da estiagem.
Fonte: DCI