Cooperativas são responsáveis por 48% da produção de café do país

Quando se fala em sucesso no mercado de bens e produtos, logo vem à mente grandes empresas e corporações. No entanto, as cooperativas ganham cada vez mais espaço e conquistam fatia considerável na economia, gerando emprego e renda. Prova disso é a Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), no município de Guaxupé, em Minas Gerais, que tem 14 mil associados. Esse número é semelhante ao quadro de funcionários de multinacionais, por exemplo.

O fato de o Brasil ser o maior exportador de café do mundo foi uma importante contribuição para o crescimento da Cooxupé. No ano passado, o país produziu 51.369 milhões de sacas de 60 kg. O volume corresponde a 33,4% da safra mundial, projetada pela Organização Internacional do Café (OIC) em 153.869 milhões de unidades.

O café foi o quinto item da pauta de exportação do agronegócio brasileiro em 2016, gerando receita de US$ 5.472 bilhões. Em termos de mercado interno, o Brasil consumiu, no ano passado, 20.5 milhões de sacas de 60 kg, ficando atrás somente dos Estados Unidos, cujo consumo ficou próximo a 24 milhões de sacas, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

O volume de café consumido no Brasil respondeu por 13,5% do consumo mundial. As cooperativas desempenham um papel importante nesse resultado. Elas foram responsáveis por 48% da produção cafeeira. São 97 cooperativas de café no país. O diferencial dessas associações é que, além de gerar emprego e renda, elas promovem o desenvolvimento econômico e o bem-estar social aos cooperados.

Com o encerramento do período de colheita de café da safra 2016/2017 pelos cooperados da Cooxupé, a cooperativa contabiliza a colheita de 6.680 milhões de sacas, produzidos em mais de 200 municípios de sua área de ação, no sul de Minas, Cerrado mineiro e na média mogiana, no Estado de São Paulo.

A Cooxupé foi responsável também pelo envio de quatro milhões de sacas para 49 países no ano passado. “Sempre trabalhamos em ações para que eles ganhem mais qualidade na produção, eficiência na produtividade e redução de custos, um dos principais desafios da cafeicultura”, disse o presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa.

Estrutura

Atualmente, o Brasil possui 287 mil produtores de café, em cerca de 1.900 municípios segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A maior parte dos produtores integra uma associação ou cooperativa de café.

Isso significa que, qualquer que seja o tamanho da estrutura da cooperativa, os associados podem se beneficiar de alguns dos princípios do cooperativismo, como a participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, formação e informação e gestão democrática, entre outros.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café, Nathan Herszkowicz, as cooperativas desempenham um papel muito importante na cadeia produtiva do café, sendo agentes de apoio, conhecimento, disseminação de boas práticas de produção e de desenvolvimento tecnológico.

“O agronegócio do café não estaria completo se não tivesse a figura das cooperativas. Elas orientam o produtor nas questões comerciais e são um polo de desenvolvimento tecnológico para a colheita, a manutenção do parque cafeeiro e a aplicação e manutenção de insumos contra ação de pragas, por exemplo,”, disse Nathan Herszkowicz.

De acordo com o engenheiro agrônomo Paulo César Dias do Nascimento Júnior, coordenador do ramo agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as cooperativas agropecuárias atuam fortemente na organização produtiva e econômica do produtor cooperado, na cadeia de suprimentos e no elo originado, como vetores de assistência técnica e transferência de tecnologias modernas ao processo de produção.

Além disso, segundo o coordenador da OCB, as cooperativas trabalham no segmento de armazenagem e agregam valor à produção de seus associados, viabilizando a industrialização com ênfase no mercado varejista. “Elas atuam também nas operações de compra e venda no mercado físico e no mercado futuro junto às bolsas de valores no Brasil e no mundo, tornando possível o acesso aos mercados mais organizados e a segurança da comercialização do produtor rural cooperado”.

Por meio do sistema cooperativista, os cafeicultores recebem orientação técnica agrícola, ambiental, econômica e mercadológica e se qualificam nessas áreas, tornando-se empresários rurais e ampliando a preservação ambiental e o número de empregos na atividade.

“As cooperativas permitem que o produtor se profissionalize, torne-se um empresário rural, um profissional moderno e que, junto ao sistema cooperativo, produza um café de excelência, privando por correção ambiental no cultivo, com a preocupação de gerar milhões de postos de trabalho anualmente no Brasil”, disse o presidente-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro.

 

Fonte: Correio Braziliense

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