Cooperativas são ferramentas da economia que devem ser reconhecidas, afirma presidente da OCB

 

Presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas destaca que as cooperativas “geram ganhos de eficiência por sua capacidade coordenadora, por meio de economias de escala e redução dos riscos em ações conjuntas". Foto: Alexandre Alves/Divulgação OCB
Presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas destaca que as cooperativas “geram ganhos de eficiência por sua capacidade coordenadora, por meio de economias de escala e redução dos riscos em ações conjuntas”. Foto: Alexandre Alves/Divulgação OCB

O movimento cooperativista brasileiro, que reúne cerca de 44 milhões de brasileiros, incluindo cooperados, familiares e funcionários, merece ser reconhecido como uma ferramenta de desenvolvimento socioeconômico no País.

“É isto que esperamos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do governo federal”, salienta o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, que no início do mês se reuniu com a ministra Kátia Abreu para debater assuntos pertinentes ao setor.

Para alcançar este objetivo, é necessário ter canais efetivos de comunicação com os organismos da União, salienta ele. “Ressalto que a ministra Kátia Abreu fez questão de conversar com todos os integrantes do grupo, composto por representantes de unidades estaduais, da Diretoria da OCB e, também, de cooperativas agropecuárias e de crédito”, destaca Freitas se referindo à recente visita ao Mapa.

“A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, ouviu as demandas do cooperativismo, especialmente aquelas relacionadas à segurança jurídica, crédito rural, infraestrutura e logística e defesa agropecuária. Vale destacar, que todos os segmentos das cadeias produtivas do agronegócio estavam representados durante a reunião”, informa o presidente da OCB.

Ressalta ainda que ela também se prontificou em avançar, dentre outros temas, um de forte relevância para as cooperativas: a renegociação/substituição das garantias vinculadas aos programas de Securitização, Pesa (Programa de Saneamento de Ativos Agropecuários) e Recoop (Programa Nacional de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias).

“Desde meados de 2013, o Sistema OCB se empenhou em quantificar tais estoques de dívidas, bem como os saldos devedores de suas cooperativas. Concluiu-se, que em média, o valor do estoque das garantias vinculadas (mensurado a partir da escrituração contábil ou do valor de mercado estimado) superava em 6 vezes mais o estoque das dívidas.”

De acordo com Freitas, a ministra afirmou que está atenta às demandas do setor e que trabalhará para solucionar todas as questões de forma rápida, com a ampla participação de todos.

“Ela fez questão de frisar que o Ministério está aberto às sugestões do movimento cooperativista. Disse também que os assuntos apresentados durante a reunião serão exaustivamente discutidos com o setor e com todos os elos da cadeia produtiva, já que ela pretende trabalhar para atender ao agronegócio brasileiro de maneira geral. Para isso, ela contará com a parceria e informações do movimento cooperativista brasileiro.”

REPRESENTAÇÃO

A Organização das Cooperativas Brasileiras representa a 6,8 mil cooperativas do País, com base em seus 13 ramos de atividade econômica, sendo que o agropecuário é apenas um deles. O setor tem em aproximadamente 1,6 mil cooperativas, mais de um milhão de cooperados, com faturamento que supera a marca dos R$  100 bilhões e com mais de 10% da participação do PIB (Produto Interno Bruto) do Agronegócio.

“Segundo pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Sistema OCB, por meio do Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro) e do perfil do produtor agropecuário, 64% dos produtores das principais culturas (soja, cana, milho, café, algodão, arroz, laranja, trigo, gado de corte e de leite) estão vinculados a cooperativas do ramo agropecuário.”

Para Freitas, é importante ressaltar que todo o resultado é voltado ao cooperado. “Por isso, as cooperativas possuem estratégias de longo prazo, perpetuação e persistência, mesmo atuando em mercados muito voláteis, diferente dos empreendimentos voltados ao investidor, que buscam prioritariamente retornos financeiros.”

Segundo o presidente da OCB, os agricultores brasileiros têm procurado se organizar por intermédio de cooperativas agropecuárias, com foto na busca de oportunidades para inserção no mercado, economias de escala e ganhos de eficiência.

AS COOPERATIVAS

As cooperativas, destaca Freitas, “promovem redução dos custos de transação, em consequência de seu maior poder de negociação na aquisição de insumos e fornecimento aos cooperados. Além disso, amplia a possibilidade de incorporação de atividades agroindustriais voltadas a produção e comercialização de insumos, a exemplo das misturadoras de fertilizantes, fábrica de rações e produção de sementes. Ressaltamos o grande número rede de lojas agropecuárias em todo País”.

Ele ainda completa afirmando que as cooperativas “geram ganhos de eficiência por sua capacidade coordenadora, por meio de economias de escala e redução dos riscos em ações conjuntas. São legítimas balizadoras de preços em mercados concorrenciais, com precificação razoável e justa, uma vez que visam atender aos anseios dos produtores cooperados, donos do negócio. Isso evidencia os diferenciais competitivos da prática cooperativista, de fortalecimento pela união”.

“Agrega-se ainda as vantagens de se integrar as cooperativas, a oferta de serviços aos cooperados de recepção, classificação, padronização, armazenamento, beneficiamento, industrialização e comercialização da produção.”

EXPORTAÇÕES

Dados da OCB mostram que, atualmente, as cooperativas exportam seus produtos para 152 mercados de destino. Veja no quadro abaixo:

quadro

Conforme pode ser observado, 10,7% do complexo carnes e aves são exportados pelas cooperativas; 12,5%, do café; 7,9%, do complexo soja; 31,8% do complexo sucroalcooleiro; 13% do complexo carnes-suínos; dentre outros.

“Além disso, as cooperativas são responsáveis por 21% da capacidade estática nacional de armazenagem de grãos. Também foram as maiores tomadoras do crédito do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). Com as condições do PCA as cooperativas aumentaram em 50% suas previsões de investimento, respondendo de forma rápida ao estímulo da Política”, salienta Freitas.

COMO SE ORGANIZAR

Para se organizar em cooperativas, o presidente da OCB informa que os agricultores interessados devem buscar o auxílio da unidade do Sistema em seu Estado. “Lá, uma equipe técnica altamente qualificada e pronta para anteder poderá tirar as dúvidas e orientar a respeito dos aspectos legais e jurídicos.”

Atualmente, de acordo com Freitas, existem 6,8 mil cooperativas brasileiras registradas na OCB. Juntas, elas congregam 11,5 milhões de pessoas. Os postos de trabalho, gerados em todas as partes do País, somam 337,8 mil.

Em relação ao ramo agropecuário, os dados são os seguintes:

– 1,6 mil cooperativas;

– 1 milhão de cooperados;

– 164,3 mil empregos gerados;

– Sudeste é a região com maior número de cooperativas: 428;

– Sul é a região com maior número cooperados: 496,9 mil;

– Sul também é destaque principal na geração de empregos: 113,5 mil.

Além disso, as 20 maiores cooperativas apresentam os seguintes números:

– R$ 60 bilhões em faturamento

– Atuação em 8 estados e no Paraguai

– Somam mais de 200 mil associados

– Geram 83 mil postos de empregos

– Atuam em média a mais de 50 anos no mercado

– Possuem mais de 2.000 profissionais de assistência técnica

– Investiram mais de 2,6 bilhões no último ano

– Cerca de 2 bilhões em sobras no último ano (geração de renda para o produtor)

– Crescimento médio (em faturamento) de 15% no último período

CRISE ECONÔMICA

Em relação à crise econômica no Brasil e no exterior, Freitas ressalta que, historicamente as cooperativas têm se mantido atuantes no mercado mesmo em tempos de crise econômica.

“Isso se deve à participação de todos os cooperados nos processos decisórios, à melhoria constante nos processos de gestão e governança e à qualificação da mão-de-obra. É evidente que em tempos de crise, é preciso pisar no freio no momento certo e acelerar quando possível. As cooperativas brasileiras aprenderam isso ao longo do tempo e, hoje, sabem aproveitar as melhores oportunidades. Diante disso, é evidente que mesmo com a crise, as estratégias de mercado e a oferta de produtos com preços competitivos tendem a garantir a sobrevivência das cooperativas.”

 

Por equipe SNA/RJ

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