Os produtores rurais brasileiros expandiram a tomada de crédito para custeio na safra 2015/2016. De julho a dezembro do ano passado, houve crescimento de 20% no volume contratado da modalidade em relação ao mesmo período de 2014, totalizando R$ 51,2 bilhões. Os dados foram apresentados, no último dia 14 de janeiro, pelo ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, André Nassar, durante entrevista coletiva.
Os empréstimos nos seis primeiros meses da atual safra – incluídos custeio, comercialização e investimento – tiveram ligeira alta em relação a 2014, passando de R$ 76,304 bilhões para R$ 76,491 bilhões. O valor representa 41% do total disponibilizado pelo governo federal, de R$ 187,7 bilhões, de acordo com dados do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor), do Banco Central.
Somente o custeio respondeu por 67% dos recursos já contratados, num total de 298 mil operações (incluídos grandes e médios produtores). Esses recursos são usados, por exemplo, para compra de insumos, plantio, tratos culturais e colheita.
JUROS CONTROLADOS
Nassar destacou o aumento de 13% nas operações de crédito e comercialização a juros controlados, que saltaram de R$ 49,4 bilhões em 2014 para R$ 55,7 bilhões no ano passado. Do total de R$ 96,5 bilhões disponibilizados para essa modalidade, 58% já foram contratados.
“Quando lançamos o Plano Agrícola e Pecuário, enfatizamos a necessidade de se priorizar a ampliação do custeio controlado. O resultado nos primeiros seis meses mostra que nossa aposta estava correta. Estamos cumprindo a meta e isso está se refletindo em aumento de produção mesmo depois de uma supersafra no ano anterior”, afirmou André Nassar, que é o secretário de Política Agrícola do Mapa e ocupa interinamente o cargo de ministro.
O governo trabalha para ampliar a oferta a juros livres pelas Letras de Crédito do Agronegócio, instrumento pelo qual os produtores contrataram R$ 1,1 bilhão até dezembro de 2015. O montante, segundo Nassar, poderia ter sido ainda maior.
“Os financiamentos com recursos da LCA tiveram início na atual safra, então os bancos ainda estão se adaptando. Estamos estudando com calma o cenário e vamos propor medidas que permitam às instituições financeiras serem mais agressivas no uso da LCA”, ressaltou.
COMERCIALIZAÇÃO E INVESTIMENTO
A comercialização se manteve estável em R$ 12 bilhões e o investimento recuou de R$ 21,4 bilhões em 2014 para R$ 13 bilhões nesta safra. A retração pode ser explicada pela diminuição da demanda por parte dos produtores, que ampliaram seus investimentos nas safras passadas por meio de programas de incentivo, como o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI).
“A agricultura veio em uma tendência de fortes investimentos. Então, este é um momento em que é natural que o produtor reduza o apetite por investir. Além disso, o agricultor está enxergando maior risco, preferindo se endividar em curto prazo. Foi uma decisão de gestão”, observou Nassar.
MÉDIOS PRODUTORES
Tiveram destaque as linhas de financiamento para custeio do médio produtor (Pronamp) – com faturamento de até R$ 1,6 milhão ao ano –, que atingiram R$ 9,8 bilhões. O valor representa incremento de 38% em relação ao consolidado de julho a dezembro do ano anterior (R$ 7,1 bilhões). Os bancos públicos aumentaram em 38% a oferta crédito para a categoria e em 37% para os grandes produtores.
“Esse aumento muito expressivo se deve ao direcionamento que nós demos neste Plano Agrícola, tirando os extra tetos e aumentando a obrigação dos banco em emprestarem para o Pronamp”, disse o ministro interino. Ele também destacou a participação majoritária dos bancos públicos e das cooperativas de crédito nesta modalidade de financiamento.
Fonte: Ministério da Agricultura