O reaquecimento da economia brasileira, e, consequentemente, do consumo, deverá fazer de 2020 um ano propício a novos investimentos no mercado brasileiro de cafés, principalmente os especiais. É o que aponta o estudo “The Brazilian Coffee Market”, recém-concluído pelo banco holandês Rabobank.
O estudo indica que a receita com as vendas de cafés, especiais e tradicionais, deverá crescer 34,20% (US$ 3.4 bilhões) no País entre 2019 e 2024. É o equivalente a 66% do crescimento projetado para toda a América Latina no período. Em 2018, esse mercado movimentou US$ 10 bilhões.
O consumo de cafés especiais, aqueles que têm mais de 85 pontos na avaliação da BSCA (entidade que representa o segmento), no Brasil deverá crescer 22% este ano, em linha com a média registrada desde 2017, para 1.2 milhão de sacas. Em 2023, o estudo do Rabobank estima que o volume deverá alcançar 1.8 milhão de sacas. Considerando o mercado como um todo, a expectativa é que o consumo no País tenha encerrado 2019 em aproximadamente 21.5 milhões de sacas e chegue a 22.1 milhões de sacas em 2020, um aumento de 2,80%.
“Começamos o estudo com foco nos cafés especiais, mas percebemos que o mercado como um todo deve se beneficiar de uma melhora no cenário econômico brasileiro, com mais pessoas empregadas e com possibilidade de experimentar novos produtos. Se esse crescimento da economia se confirmar, será um ano potencialmente melhor que 2019”, disse o analista Guilherme Morya, autor do estudo.
Ele ponderou que a expectativa é de uma gradual migração dos consumidores brasileiros do café tradicional para o de maior qualidade. O consumo per capita de café no País é de 7,04 quilos por ano.
Segundo Morya, o ambiente é favorável para a entrada de novos players no mercado brasileiro de café, bem como para a expansão de capacidade de produção de empresas que atuam no mercado nacional, dominado por cinco grupos: 3Corações, JDE, Maratá, Melitta e Mitsui. As demais torrefadoras respondem por 24% do mercado.
“O cenário de juros baixos é favorável a investimentos em um mercado consumidor crescente”, disse. Morya pondera que os recentes investimentos desses grandes players, como a parceria de US$ 7.15 bilhões entre Nestlé e Starbucks para a venda de cápsulas compatíveis com o sistema Nespresso, e a concentração do mercado exigem investimentos mais elevados de quem quiser entrar no segmento, mas que ainda assim a aposta deve valer a pena. Nesse sentido, ele cita o exemplo da recente aquisição do Café Pacaembu pelo grupo Massimo Zanetti.
Morya ainda mantém a projeção feita em dezembro para a colheita da safra 2020/21 no Brasil, maior produtor e exportador do grão. O ciclo que será colhido no ano que vem deverá superar o recorde de 2018/19 e alcançar 66.7 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 45.9 milhões de arábica e 20.8 milhões de robusta.
Fonte: Valor