FUNCAFÉ 2016
O Comitê Diretor de Planejamento Estratégico (CDPE) do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) aprovou, em reunião realizada ontem (22), orçamento recorde para as linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (FUNCAFÉ) na safra 2016. O colegiado, composto por representantes de todos os elos do setor privado e do Governo Federal, sugeriu verba de R$ 4.632 bilhões para a temporada futura, volume que implica elevação de 12%, ou de R$ 496 milhões em relação ao orçamento de 2015.
Do total sugerido, R$ 1.752 bilhão foram destinados à linha de Estocagem, que terá R$ 246 milhões (+16,3%) a mais do que em 2015, e R$ 1 bilhão para Financiamento para Aquisição de Café (FAC), que contará com orçamento R$ 250 milhões superior (+33,3%) ao do ano passado. As demais linhas tiveram seus recursos mantidos, conforme apresentado na tabela abaixo.
O Conselho Nacional do Café entende que a conquista de um novo orçamento recorde será fundamental para os produtores brasileiros, haja vista a dificuldade que vivenciam com os atuais patamares de preço, apesar de terem sido registradas duas safras baixas consecutivas.
A ampliação na linha de estocagem, proposta e defendida pelo CNC e pela Comissão Nacional do Café da CNA, será fundamental para que os cafeicultores possam ordenar suas vendas ao longo dos 12 meses da safra e não serem pressionados a vender, para honrar compromissos, tão logo colham, o que possibilitará uma melhor receita na atividade. Além disso, a elevação no FAC também será vital para os compradores estarem capitalizados e pagarem valores justos e condizentes com as realidades dos altos custos de produção no Brasil.
Preservação do FUNCAFÉ
Visando à preservação dos recursos do FUNCAFÉ, o CNC também apresentou uma série de sugestões que permitam a longevidade do Fundo. Nessa linha, obtivemos apoio do CDPE no sentido de cessar a liberação de recursos não reembolsáveis para diversas atividades que eram realizadas até então, o que será importante para a disponibilização de mais orçamento para garantir políticas voltadas à renda dos produtores e dos demais setores da cadeia.
O Conselho Nacional do Café também demandou o ajuste do calendário do anúncio dos levantamentos de safras cafeeiras do Brasil, com aprimoramento dos números e fixação das datas entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), almejando dar mais credibilidade às estatísticas junto ao mercado, trabalho que será coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), conforme compromisso assumido junto ao colegiado.
Maior capilaridade
Com o intuito de se obter uma melhor distribuição dos recursos do FUNCAFÉ aos agentes financeiros, para que, consequentemente, cheguem ao maior número de produtores possíveis, o CNC solicitou o acompanhamento histórico das liberações e aplicações para que seja realizada uma filtragem e a destinação direcionada às instituições que melhor façam uso da verba, de maneira que o dinheiro chegue, em especial, aos pequenos e médios produtores com menos burocracia e exigências de contrapartida.
Prorrogação do custeio
Matéria também levada pelo Conselho à reunião do CDPE, a necessidade da prorrogação dos financiamentos de custeio do FUNCAFÉ, vincendos em 2015, ficou para ser debatida em breve, haja vista que o diretor do Departamento de Crédito, Recursos e Riscos (DCRR) do MAPA, Vitor Ozaki, informou que está finalizando um estudo, solicitado por nós, sobre o assunto para que se tenha o diagnóstico do cenário atual, o qual permita traçar o melhor caminho para a situação desses produtores.
O CNC compreendeu e reiterou que a prorrogação se faz precisa em função da menor capacidade de pagamento dos cafeicultores, que vivenciam sensível redução de renda por causa de duas frustrações de safra consecutivas e da elevação dos custos de produção com insumos, que são importados, devido à desvalorização do real frente ao dólar.
Mercado
Os futuros do arábica devolveram os ganhos acumulados ao longo da primeira quinzena de outubro. Vendas especulativas, o comportamento do dólar e as previsões climáticas para o cinturão produtor brasileiro foram os principais fatores que direcionaram o comportamento das cotações internacionais do café nesta semana.
A moeda norte-americana encerrou o pregão de ontem cotada a R$ 3,9075, em alta de 0,90% em relação à última sexta-feira. O comportamento do dólar continua volátil, principalmente em função da crise política e econômica do Brasil. Outro fator importante para a precificação do dólar são as expectativas quanto ao momento da alta dos juros da economia norte-americana, cujos dados recentes indicam que não ocorrerá neste ano.
No cenário climático, a previsão de chuvas sobre as regiões produtoras de Minas Gerais e São Paulo contribuíram para a queda dos preços do café, apesar de algumas perdas não serem reversíveis devido ao longo período de estiagem em algumas localidades. Segundo a Climatempo, nesses Estados os volumes acumulados ultrapassarão 50 mm, entre 26 e 30 de outubro. Porém, para o Espírito Santo, que enfrenta forte estiagem, os volumes deverão situar-se no intervalo de 10 mm a 30 mm.
O mercado também foi pressionado pela expectativa de oferta de maiores volumes de café pela Colômbia. Recentemente, o segundo maior produtor de arábica aprovou medidas que visam a apoiar os cafeicultores cujas produções perderam qualidade devido ao fenômeno climático El Niño.
A partir de agora, o Fundo Nacional do Café poderá comprar maior porcentual de grãos de qualidade inferior. Também foi adotada uma resolução que permite a exportação do produto de qualidade inferior, porém este não receberá o certificado de origem “Café da Colômbia”.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,1985 a libra-peso, acumulando perdas de 600 pontos em relação ao fechamento da sexta-feira passada. Na ICE Futures Europe, o contrato futuro do café robusta acompanhou a tendência de baixa. O vencimento novembro/2015 encerrou o pregão cotado a US$ 1.562,00 a tonelada, com desvalorização de US$ 51,00 em relação ao final da semana anterior.
Já no mercado físico nacional, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) para as variedades arábica e conilon apresentaram tendências opostas. O café arábica foi cotado ontem a R$ 469,24/saca, acumulando uma queda de 2,2% em relação ao fechamento da semana anterior. Com isso, os produtores voltaram a retrair as vendas. Já o indicador para a saca do conilon renovou o valor máximo da série do CEPEA, atingindo R$ 370,09/saca, o que representa alta de 2% em relação a sexta-feira passada. Com isso, o diferencial entre as variedades caiu para R$ 99,15.
Fonte: CNC