O Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) realizou no dia 31 de março o webinar Conversas com Produtores: “Coopernatural – Agricultura Familiar inovando há 20 anos no mercado de orgânicos” para falar sobre os desafios desta atividade, bem como soluções possíveis para gargalos antigos e legislação para orgânicos, entre outros temas.
O evento, mediado por Sylvia Wachsner, diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e coordenadora do CI Orgânicos, teve a participação de Ricardo Fritsch, diretor da Coopernatural, que faz parte da rede Organics Net e atua há duas décadas no fomento da agricultura sustentável e na preservação do meio ambiente. Com sede no município de Picada Café (RS), a cooperativa está exportando seus produtos para a França e Suíça, além de vender para o mercado nacional.
Jovens no campo
Questionada sobre a permanência dos jovens no campo, a Coopernatural respondeu que utiliza a tecnologia como aliada para dar continuidade à tradição familiar. “Cerca de 95% das propriedades sócias priorizam o uso de tecnologias avançadas e profissionais com conhecimentos atualizados, sendo um fator de interesse da juventude. O reconhecimento do legado estruturado por nós é outro fator que os mantém no campo”, disse Ricardo Fritsch.
Produtos
Atualmente, a entidade produz uma gama de artigos orgânicos como vários tipos de arroz, de feijão, café, farinhas, sucos com e sem açúcar, geléias também com e sem açúcar, óleos e a primeira cerveja orgânica do Brasil com e sem álcool, somados a muitos outros produtos.
“Apoiamos programas em universidades privadas, onde custeamos pesquisas para a instituição auxiliar no desenvolvimento de novos produtos. Também contamos com a Embrapa e estudamos o mercado, bem como o melhor momento e cenário para lançá-los. No próximo ano, teremos grandes lançamentos”, antecipou o diretor da Coopernatural durante o webinar.
Bioinsumos
Sobre a produção de bioinsumos on farm, Ricardo Fritsch reforçou sobre a dificuldade que o agricultor familiar tem de acessar esta tecnologia por necessitar de grandes investimentos e que esta atividade em uma unidade de produção rural familiar, de maneira isolada, fica inviável.
“É necessário um laboratório próprio e profissionais capacitados para utilizá-lo. Então estamos construindo centrais de cooperativas, onde as mesmas fazem um grande número de sócios. Com esta gigante demanda, estamos projetando ter nossas próprias fábricas de bioinsumos, sendo esta a única maneira viável”.
Legislação de orgânicos
A coordenadora do CI Orgânicos levantou e pauta da legislação dos orgânicos e passou a fala para o diretor da Coopernatutal. “A legislação brasileira de orgânicos está vencida. Quando a legislação foi regulamentada, nossa realidade era outra; sem muitos parâmetros. Para as feiras, a legislação está apta, mas não está adequada para uma produção orgânica escalável, sendo uma dificuldade para produtores maiores”.
Base de dados
O Brasil ainda sofre com uma base de dados de orgânicos muito aquém da necessidade. “Nosso sistema de auditagem é falho.Tem que ter um aplicativo com uma base de dados que facilite o trabalho de fiscalização, monitoramento e aval nas propriedades. Isso vai gerar mais transparência na atividade”, finalizou Ricardo Fritsch.