A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou na terça-feira (27) mais duas operações de incentivo ao escoamento de milho de Mato Grosso, elevando o total de prêmios negociados em leilões para cerca de 4.2 milhões de toneladas. O volume representa 15% da safra recorde no maior produtor brasileiro do milho, estimada em 28 milhões de toneladas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Os participantes nos leilões de prêmio da Conab disputam incentivo financeiro para viabilizar o escoamento do produto, uma forma de o governo enxugar o mercado com a retirada do grão das zonas produtoras. Uma parte importante dos volumes envolvidos nesses programas costuma ser destinada às exportações, que devem ganhar força no segundo semestre, parcialmente em função do apoio governamental.
Apesar do percentual importante da safra de Mato Grosso, que recebeu apoio dos programas do governo para sustentar os preços pagos aos agricultores, as cotações em várias praças mato-grossenses seguem abaixo do valor mínimo de garantia estabelecido pelo governo federal, de R$ 16,50/saca. Mesmo com preços baixos, o governo federal não tem conseguido atrair interesse dos produtores e comerciantes para todo o prêmio ofertado, algo que se repetiu nas operações de terça-feira.
A Conab negociou no dia 27 de junho o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) para 508.500 toneladas do grãos, ou 50,8% do total ofertado na operação. A companhia também realizou leilão para oferta de Prêmio para o Escoamento (Pep), que negociou subvenção para a venda e o escoamento de 78.400 toneladas de milho (23,7% do total ofertado na operação). As duas operações destinaram-se a produtores de municípios mato-grossense, nos quais o preço está abaixo do mínimo.
Montes de milho a céu aberto
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, disse que os programas do governo e a alta do dólar estão ajudando a movimentar a comercialização de milho no estado, apesar de em muitas áreas as cotações estarem inferiores ao preço mínimo. Com preços baixos, parte dos produtores está se recusando a fechar negócios, o que agrava problemas de armazenagem no estado, que tem déficit de silos.
Apesar de a colheita de milho em Mato Grosso estar apenas em seu início, tendo avançado até a última sexta-feira para quase 20% da área total de 4.7 milhões de hectares, já há relatos de armazenamento de milho a céu aberto em municípios como Ipiranga do Norte. “É uma situação que estava sendo prevista”, disse Latorraca, ao comentar informações sobre a armazenagem nos campos, fora dos silos.
Segundo ele, o Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, tem capacidade estática de 33 milhões de toneladas, enquanto a safra de soja foi de 31 milhões e a de milho deverá atingir 28 milhões de toneladas. A armazenagem de milho a céu aberto pode afetar a qualidade. Diante disso, segundo Latorraca, muitos produtores investiram em silo bolsa, uma solução que ameniza os problemas de armazenagem.
Fonte: Reuters