Com plantio atrasado de soja, Mato Grosso registra replantio e espera chuvas

O plantio de soja da safra 2017/18 em Mato Grosso, principal estado produtor do país, está atrasado devido à irregularidade das chuvas, e já há alguns poucos casos de replantio onde as precipitações não ocorreram e a planta não se desenvolveu.

Ainda é prematuro para medir, no entanto, impactos produtivos para a safra, cujo plantio começou em setembro, afirmou na sexta-feira (20/10) o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.

Em condições normais de clima, o estado pode colher cerca de 27% da produção prevista para o Brasil, cuja safra está estimada em até 108.26 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Ainda é cedo para mensurar os impactos produtivos da (falta de) chuva. O que preocupa são algumas previsões de replantio e janela para o milho”, disse Latorraca, fazendo referência ao fato de o milho, plantado após a colheita da soja, eventualmente ficar um menor período exposto à temporada de chuvas no Centro-Oeste, caso os trabalhos da oleaginosa atrasem mais.

Isso poderia resultar numa safra do cereal menos produtiva – quanto mais tarde o plantio de milho, menos tempo o desenvolvimento da lavoura ocorre na época das chuvas, que cessam no inverno no Centro-Oeste.

Questionado sobre a extensão do replantio de soja no estado, o superintendente do Imea afirmou que “há muito pouco”. No entanto, disse que chuvas são necessárias em algumas áreas para evitar problemas e prejuízos aos produtores. “Caso não chova em algumas regiões, semana que vem vamos começar a contabilizar (os casos de replantio)”, disse.

Em média, o estado deverá receber 67,4 milímetros de chuvas de 21 de outubro a 4 de novembro, segundo dados do terminal Eikon da Thomson Reuters. Na região norte do estado, deve chover cerca de 75 mm no período, enquanto o nordeste verá menos precipitações (42 mm). Há previsão de chuvas para domingo e segunda-feira em algumas áreas do estado.

Rodrigo Oliveira, produtor de Sorriso (MT), principal município de soja do Brasil, disse não ter informações sobre replantio em sua região, mas mostrou preocupação. “Está crítico. Estamos parados esperando chuva. Tem região que nem começou o plantio e a minha (região) está atrasada e parada”.

Segundo dados do Imea, o plantio em Mato Grosso alcançou 25,82% da área até a última sexta-feira – avanço de 11,39% na semana. A semeadura, contudo, segue aquém da observada há um ano, quando produtores locais haviam plantado 42,27% da área, com chuvas facilitando os trabalhos. Na temporada passada, a safra brasileira foi recorde, beneficiada por um clima considerado ideal, o que analistas acreditam que não vai se repetir neste ciclo.

Nota da consultoria independente AgRural indicou que o plantio em Mato Grosso, onde os trabalhos tinham praticamente parado no fim da semana passada, foram retomados na terça-feira (17/10), após o registro de algumas boas chuvas em parte do estado. Mesmo assim, segundo a AgRural, os 27% semeados em Mato Grosso até quinta-feira (19/10) estão atrás dos 47% do ano passado e dos 28% da média de cinco anos.

“Além disso, alguns produtores já começam a falar sobre a necessidade de replantio em algumas áreas pontuais. Ainda é cedo, contudo, para avaliar a extensão dessas áreas”, concluiu a consultoria. Em Goiás, as plantadeiras ficaram paradas ao longo da semana, deixando o percentual cultivado nos mesmos 3% de 12 de outubro. Segundo a consultoria, a média de cinco anos para esta época no estado é de 11%.

Segundo o meteorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, as chuvas previstas para a próxima semana  deverão ser suficientes para regularizar o plantio.

Brasil

O plantio no Brasil estaria mais atrasado em relação ao ano passado não fosse o progresso dos trabalhos nos estados do Sul, especialmente no Paraná, o segundo produtor brasileiro.

De acordo com a AgRural, a semeadura da soja da safra 2017/18 no país alcançou 20% da área estimada até quinta-feira, com avanço de 8% na semana, ficando atrás do percentual de um ano atrás, quando 29% da área já havia sido plantada. Segundo a consultoria, esse percentual supera levemente a média dos últimos cinco anos, de 19%. “Mais uma vez quem puxou o ritmo dos trabalhos foi o Paraná”.

Com plantio de 23% em uma semana, a área já semeada no Paraná chegou a 53%, percentual que está à frente do ano passado e da média de cinco anos.

A AgRural informou ainda que Mato Grosso do Sul “teve chuvas mais generosas e com melhor distribuição, especialmente no sul do estado, permitindo que o plantio avançasse de 14% para 30% em uma semana”. Mesmo assim, está ligeiramente abaixo dos 32% da média de cinco anos.

 

Fonte: Reuters

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