Com excesso de chuvas em algumas regiões e seca em outras, a contribuição da agropecuária para o PIB do País, vista como um dos pilares da atividade em 2022, deve ficar abaixo do esperado. Apesar da previsão de desempenho positivo para o setor, após a queda projetada para o número oficial de 2021, os problemas climáticos têm levado a revisões nas estimativas de crescimento econômico.
A mudança na estimativa do BNP Paribas para o PIB em 2022, de +0,50% para -0,50%, contempla o PIB agropecuário saindo de 5% para cerca de 1,50%, disse Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para a América Latina. Ele calcula que a agropecuária tirou, diretamente, 0,20% de sua estimativa para o PIB nacional. Somando efeitos indiretos, tratores, por exemplo, têm peso importante na produção de veículos, o impacto negativo estaria mais perto de 0,30%.
O Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) ajustou a sua estimativa para o PIB de 0,70% para 0,60%, entre outras razões, por causa da revisão na agropecuária, de 5% para 3,50%. O Barclays, que rebaixou seu PIB nacional em 2021 de 4,50% para 4,30%, indicando monitorar riscos negativos, mas manteve a estimativa de 0,30% para 2022.
O economista-chefe no país, Roberto Secemski, cita “condições extremas de calor e seca no Sul do Brasil ameaçando a produção de soja e milho, que normalmente lideram os ganhos agrícolas no primeiro trimestre de cada ano”.
O Itaú Unibanco reviu a estimativa de alta do PIB agropecuário de perto de 5% para algo entre 1% e 2,50%, mas, segundo o economista Luka Barbosa, a estimativa de -0,50% para o Brasil continua válida.
Em seu último relatório, de 11 de janeiro, a Conab reduziu em quase 7 milhões de toneladas a sua estimativa para a colheita de grãos no Brasil, que passou a ser de 284.39 milhões de toneladas na safra atual. Os dados dizem respeito à semana até 18 de dezembro e novas revisões para baixo devem ocorrer, disse Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra.