A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu o comprometimento do produtor rural brasileiro com a sustentabilidade ambiental, durante os painéis do Dia do Agro na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP-26), em Glasgow, na Escócia.
No painel “Pecuária Sustentável”, Muni Lourenço, vice-presidente da CNA e chefe da delegação da Confederação na conferência, afirmou que o Brasil ocupa posição de destaque no mundo devido à produção de carne bovina com uso de tecnologias de baixa emissão de carbono (ABC).
“Somos um dos maiores produtores de carne bovina do mundo e temos potencial para ampliar essa produção com sustentabilidade ambiental, incorporando técnicas sustentáveis à cadeia produtiva.”
Lourenço, que também é presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), destacou que a pecuária brasileira cumpre o Código Florestal, uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo, e ao adotar as tecnologias ABC, a cadeia produtiva tem alcançado resultados importantes.
“Com as tecnologias de baixa emissão de carbono, a pecuária no Brasil tem permitido a redução da área de pastagens e aumentado o número de animais por hectare, além de dar oportunidade para o avanço dos sistemas integrados como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e a redução dos gases de efeito estufa”, disse o vice-presidente da CNA.
Iniciativas
Na ocasião, ele citou iniciativas que o Sistema CNA/Senar desenvolve com diversos parceiros como os projetos Paisagens Rurais e ABC Cerrado, que incentivaram os produtores rurais a aplicarem as tecnologias de baixa emissão de carbono.
Lourenço também falou sobre a importância do Plano ABC, que mitigou 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono, equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, 46,5% superior à meta prevista, que era de 163 milhões/35 milhões respectivamente.
“Os resultados do ABC mostram o esforço do pecuarista e o cumprimento com a agenda das mudanças climáticas e a eficiência produtiva da pecuária brasileira. Acreditamos que a adoção dessas tecnologias será acelerada com a aprovação os fundos de financiamento que estão sendo discutidos na COP”, afirmou o presidente da Faea.
Tecnologias
No painel “Agricultura Sustentável”, o produtor rural e presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, mostrou o exemplo da sua propriedade em Mato Grosso, onde produz até três safras por ano graças ao investimento em tecnologias de baixa emissão de carbono.
Arioli lembrou ainda que, com o Código Florestal, o agricultor que produz no Cerrado brasileiro, dentro da Amazônia Legal, precisa destinar 35% da sua propriedade para reserva legal e, mesmo o estado sendo o maior produtor de soja do País e responsável por 30% do grão produzido, utiliza apenas 10% do território para isso.
“Para alcançarmos a sustentabilidade da produção poupando floresta, aumentamos a produtividade, produzindo mais com menos, e fazendo o uso intensivo do solo com sistema plantio direto, com mais de uma safra por ano”, disse o representante da CNA.
“Produzimos soja, depois da colheita plantamos o milho associado à pastagem e por último o boi safrinha para produção de carne”.
Valor de mercado
Para Arioli, o conceito de agricultura sustentável deve representar valor de mercado aos produtos do agro. “Os produtores brasileiros fizeram a diferença nos últimos dez anos, desde que o Código Florestal foi aprovado. Nos últimos 20 anos, o Brasil conseguiu preservar mais de 58 milhões de hectares. Dizem que nós produtores somos os destruidores da Amazônia, mas é o contrário, estamos ajudando a protegê-la no Brasil”.
Estudo de casos
O assessor técnico da diretoria de Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Rafael Costa, apresentou exemplos de produtores rurais que participaram dos projetos ABC Cerrado e Fip Paisagens Rurais durante o painel “Agricultura sustentável como caminho para a preservação ambiental: o efeito poupa terra”.
Segundo Costa, os dois projetos contribuíram para o aumento da produtividade e da renda do produtor rural, com a adoção das tecnologias de baixa emissão de carbono. A partir da capacitação e assistência técnica, produtores transformaram seu negócio e ajudaram a mitigar milhões de toneladas de dióxido de carbono, ressaltou.
“A tecnologia é muito importante porque é ela que alimenta a sustentabilidade. No ABC Cerrado, por exemplo, foram adotados 93 mil hectares com tecnologia, sendo 95% na recuperação de pastagens degradadas”, destacou o assessor.
“Com isso, os produtores transformaram terras degradadas em terras produtivas, contribuindo para a redução das emissões dos gases de efeito estufa.”
Acompanhe a programação da CNA na COP-26 acessando a página especial da conferência.
Fonte: CNA
Foto da capa: Piqsels
Equipe SNA