A Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniu, na terça (8), para discutir sobre o Programa Soja Baixo Carbono (SBC), que está sendo elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja).
O objetivo da iniciativa é criar critérios mensuráveis das técnicas de manejo empregadas pelo produtor na produção de soja, com foco em ações que mitiguem as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Marco Antônio Nogueira, o programa é voltado apenas para o produto soja.
“Além de realizar o balanço das emissões dos gases, o SBC vai promover ainda mais a conservação do solo e da água, o uso racional de defensivos, o aumento da eficiência de uso de fertilizante e o incentivo ao uso de bioinsumos. Com isso, teremos redução de custos, do impacto ambiental e aumento de produtividade”, explicou Nogueira.
De acordo com a Embrapa, a proposta é criar uma metodologia brasileira, baseada em protocolos científicos validados internacionalmente, dentro de dois anos. “A ideia é ajudar o produtor a certificar a soja que foi produzida com baixa intensidade de emissão de carbono”, disse o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.
“Essa certificação da soja será voluntária, mas precisamos envolver o máximo de produtores possível. Quantificar e expor a sustentabilidade da soja brasileira para o mercado internacional é um tema fundamental. Não temos que seguir o que os outros players estão fazendo, mas escolher o caminho da liderança”, destacou o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli.
Para a chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa, Carina Rufino, o maior beneficiado do projeto é o produtor rural. “O Brasil tem potencial de assumir o protagonismo nessas discussões. O SBC é um trabalho de nível internacional”.
Apesar da Embrapa Soja estar coordenando o processo, a construção da metodologia do Programa SBC será participativa, envolvendo diversos atores da cadeia produtiva da soja. Depois dessa etapa, serão desenvolvidos os protocolos de certificação por meio de parcerias com órgãos certificadores internacionalmente reconhecidos.
A gestão de risco de preços de soja e milho também foi discutida durante a reunião da Comissão. O analista da Agrinvest, Marcos Araújo, afirmou que, para o produtor, o sucesso da comercialização não depende da sua capacidade de adivinhar o futuro, mas sim de um plano de comercialização baseado na autodisciplina e no gerenciamento financeiro.
“A gestão de risco é um processo permanente que deve ser monitorado de perto. O risco é medido em função da probabilidade e impacto. Devemos avaliá-lo via análises qualitativas, quantitativas ou a combinação de ambas”, disse.
O presidente Ricardo Arioli destacou que o objetivo de debater o tema é buscar maneiras de socializar as ferramentas de proteção de preço para mais produtores, diminuindo a dependência de trading do atual sistema de contratos a termo.
Fonte: CNA