CNA discute estratégias para negócios agrícolas em períodos de crise

Em tempos de crise, o produtor, na visão do superintendente da CNA, Bruno Lucchi, deve saber comercializar e ter estratégias de venda e de crédito para seu negócio. Foto: Pixabay

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou nesta quarta-feira uma transmissão ao vivo pelos canais de comunicação digitais do Sistema CNA com o tema “Estratégias para Negócios Agrícolas em Ambiente de Crise”.

O evento online abordou questões estratégicas e ações práticas de prevenção para a sustentação do negócio durante a pandemia do Coronavírus.

Participaram do debate o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, e o consultor internacional da Centrec Consulting Group, Carlos Ortiz, que já atuou em duas importantes instituições financeiras ligadas ao agronegócio, o Rabobank e o Itaú BBA.

“Nesse momento, o produtor, mais do que nunca, precisa ter uma gestão muito bem apurada. Não só ter controle de custos e do processo produtivo, mas saber comercializar e ter estratégias de venda e de crédito para o seu negócio”, disse Lucchi.

Modelos de produção

Segundo Ortiz , os ciclos econômicos e crises afetam mais alguns negócios do que outros, dependendo do modelo de produção. O consultor falou sobre o efeito dos custos fixos durante ciclos econômicos e destacou que modelos mais intensivos, com mais custos fixos, podem ser mais frágeis.

“Modelos de produção envolvendo muito custo fixo e muito investimento demandam atenção. Temos de avaliar as despesas de arrendamento e terceirização, a intensificação em imobilizado e a taxa de crescimento. Se a velocidade de crescimento é alta, ela turbina o problema do risco”, afirmou.

Ortiz lembrou que a dificuldade de fluxo da produção também fragiliza – especialmente em uma crise que afeta a distribuição – os produtos perecíveis, sazonais ou que precisam de entrega específica, como flores e hortaliças.

Para evitar esses problemas, disse o consultor, a recomendação é ter reservas de liquidez e reduzir endividamentos. Segundo ele, é preciso evitar o “cobertor curto” e as consequentes “pedaladas”, que, em geral, começam com saltos de crescimento.

“Antes de mais nada, construa e cuide da liquidez, a primeira linha de defesa. Quanto maior o risco, mais liquidez eu preciso. Além de proteger o negócio, ela também permite buscar oportunidades”, destacou Ortiz.

Estratégias

Em termos de estratégias possíveis diante da crise, Ortiz recomendou corrigir endividamentos e liquidez, ajustar rotas e consertar o modelo de produção e concentração setorial, além de tomar precauções de caixa e continuidade e rastrear oportunidades. Outra dica fundamental é comparar dívidas com faturamento.

O próximo passo, segundo o consultor, é ajustar a operação, “o que envolve estancar o sangramento, reduzir estrutura, rever despesas, investimentos e o mix de atividades. O foco deve ser repensar o negócio para equilibrar liquidez, investimento e custo fixo”.

Ações

Entre as ações consideradas “prudenciais”, o especialista em gestão lembrou que o produtor rural deve avaliar como proceder para juntar caixa, planejar e gerir e dar continuidade ao negócio como um todo.

Para Ortiz, a primeira medida inclui desembolsar linhas de crédito, rever despesas, adiar investimentos, esticar prazos, recuperar recebíveis em atraso, alongar dívidas, cobrar multas por atrasos e reduzir estoque, por exemplo.

Para o planejamento e gestão do caixa, o consultor afirmou que é preciso refinar o fluxo de entradas e saídas, classificar cada saída por prioridade, planejar atrasos de entradas, diversificar aplicações, manter um estoque estratégico de essenciais e diversificar canais de compra e venda, entre outras ações.

Por último, Ortiz ofereceu dicas para assegurar a continuidade do negócio, como ter um banco de reservas de gerentes, monitorar e diversificar o fluxo comercial, manter garantias livres, elaborar relatórios claros e organizar indicadores financeiros.

“Tão importante quanto tudo isso é se preparar para a volta. O futuro não será uma linha contínua do passado. Muita coisa já mudou no hábito dos consumidores. Muitos países estão atuando de forma diferente em relação às suas importações, localização de manufatura e localização de processo. As cadeias estão se reconfigurando e é importante repensar como elas deverão se comportar depois da crise”.

 

Fonte: CNA

Equipe SNA

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