Clima exige cautela nas avaliações de safra deste ano

Mauro Zafalon

Cautela. Essa será a palavra-chave para qualquer avaliação da safra de soja neste ano. A recomendação é de André Pessôa, diretor da Agroconsult.

E os primeiros números da safra já começam a indicar a dificuldade que o setor terá para avaliar a produção da oleaginosa.

Problemas climáticos em áreas do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de São Paulo já provocaram as primeiras perdas de produção.

Uma safra estimada no final de novembro do ano passado, em 122.8 milhões de toneladas deverá ficar em 117.6 milhões de toneladas, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira (10) pela Agroconsult.

“A safra recorde do ano passado não deverá ser atingida neste ano. O viés é de baixa”, disse Pessôa. Até a metade da safra não será possível ver o tamanho da encrenca, afirma.

As lavouras mais prejudicadas foram as de ciclo precoce. Já as de ciclo médio estão bem.

Dois problemas trazem preocupação, segundo o diretor da Agroconsult. Um deles é a possibilidade de chuvas em fevereiro.

No próximo mês, serão colhidos 50 milhões de toneladas de soja, bem acima dos 30 milhões de toneladas em igual período de 2018.

Outra preocupação é com o peso do grão. Só quando for possível essa avaliação é que se terá uma visão mais confiável da safra.

Pessôa, coordenador do Rally da Safra, uma expedição que avalia anualmente o desenrolar da safra no país, acredita que o período do evento será importante para essa definição.

O plantio de soja ocupou uma área de 36.2 milhões de hectares, 3% mais do que no ano passado. Se a produtividade se mantiver em 54 sacas por hectare, a safra ficará nas 117.6 milhões de toneladas.

O diretor da Agroconsult estima que as exportações, após terem atingido 84 milhões de toneladas em 2018, fiquem em 73 milhões de toneladas neste ano.

Pessôa, assim como vários analistas e tradings, quer saber de onde veio tanta soja para o Brasil exportar em 2018.

As contas de produção, de consumo e de exportação do ano passado não fecham. Em algum momento do passado, a safra foi maior e os estoques também eram maiores, segundo o diretor.

O ano de 2019 será desafiador, na avaliação dele. Os prêmios de exportação voltam ao patamar normal, e o dólar tem valor menor. Isso vai refletir nos preços e na rentabilidade.

A Agroconsult fez, ainda, uma estimativa da safra de milho. A consultoria prevê produção de 95 milhões de toneladas, 68.6 milhões de toneladas das quais virão da safrinha.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também divulgou estimativa de safra para 2018/19 nesta quinta-feira.

A produção de grãos sobe para 237 milhões de toneladas, 4% mais do que em 2018. A de soja, cuja previsão era de 120 milhões de toneladas em dezembro, foi ajustada para 118.8 milhões de toneladas pela Conab.

O órgão prevê uma produção total de 91.2 milhões de toneladas de milho e de 2.41 milhões de toneladas de algodão em pluma.

As produções de arroz e de feijão caem 7% e 1%, respectivamente.

Folha de São Paulo

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